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Mostrando postagens de outubro 27, 2015

não precisa chorar

Outro dia minha vó chorou no telefone. Não queria morrer sem ver a neta mais velha casada e por isso me contou que estava fazendo orações por mim. E começou a chorar. Fiquei muda. Depois respirei fundo e disse que estava bem, que era feliz assim etc e tal e ela desligou, mas não me pareceu convencida. Quer dizer, para ela, nascida em 1932, uma mulher de 34 anos morando sozinha, pagando as contas, sem ninguém para cuidar dela é quase um pecado. Não tá certo. Não presta. O que ela não entende - e não adianta explicar - é que essa minha geração cresceu assim. Mesmo que tenhamos mães que foram criadas pelas nossas avós para casar, elas nos criaram para estudar, ter uma profissão além de casar e ter filhos e nós, provavelmente, criaremos nossos filhos para serem o que desejarem porque sabemos que ninguém completa ninguém. Que a baboseira de ser um todo e se bastar não é tão baboseira assim, porque só conseguimos amar alguém de verdade - qualidades e defeitos - se respeitamos a pessoa que so

escapadas estreladas

"A saudade da família crescia para ser saciada só na próxima folga" O relógio batia seis da tarde e as meninas já estavam impacientes. De repente, o barulho da chave na porta e o buona notte do pai, que ia direto para o banho, vestia a roupa de fim de semana, colocava o boné na cabeça e carregava as malas para o carro, enquanto a mãe terminava de embalar os lanches e guardava na sacola o cantil azul com água gelada.  Devidamente acomodados, partiam rumo ao interior, para um feriado em família. Não sem antes enfrentar pelo menos uma hora de congestionamento da casa deles até o início da rodovia. Iam ouvindo as notícias do trânsito na tradicional rádio enquanto isso.  Na estrada, a trilha sonora era previamente escolhida pelo pai e administrada pela mãe, responsável por virar a fita cassete assim que terminava um dos lados. Clássicos italianos, rock dos anos 1960 e músicas infantis animavam a viagem. Seriam longos 500 quilômetros até a lombada que indicava que o sítio do no