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insight

Eu acho que finalmente entendi a Therê. De repente eu sei porque ela ainda está de luto, mesmo fazendo onze anos da morte do Milton. Eu entendo. Ela sofre com a falta dele e com a falta da vida que tinha como esposa e cuidadora. Ela não é mais esposa e sim viúva. E hoje precisa ser cuidada. Perdeu muita coisa em uma década, e vai continuar perdendo porque a idade avançada nos tira muito. Eu entendo a Therê. Eu entendo seus filhos, que também viverão para sempre um luto. O do pai e da mãe que um dia Therê foi. Entendo o luto permanente dos netos, que perderam avô e tiveram que ressignificar a avó que conheciam. São onze anos de luto para esta família. Depois de dois anos e meio, percebi que como a Therê, estou de luto. Que tudo que tenho vivido não passa de uma tentativa de me reinventar depois da perda do trabalho naquele jornal. Vivo dizendo para mim mesma e para os outros que foi a melhor escolha, que a vida é melhor assim, mas entendi que apesar disso, ainda dói, mesmo eu tendo ped

lilás

Uma garrafa térmica não é apenas uma garrafa térmica, não é mesmo? É lembrança. Traz aquele pretinho dos cafés passados. Traz a sujeira dos pingos: qual garrafa não pinga? Todo mundo já manchou a toalha de mesa da tia enquanto tentava encher a xícara de café. Há cinco meses comprei uma cafeteria. Na sua cozinha tinha uma garrafa térmica de um litro, daquelas pretas básicas. Comecei a coar café com base na receita do antigo dono: quatro colheres de sopa cheias para um litro. Renderia bastante. E rendeu. Rendeu tanto que não vendia sequer uma garrafa inteira por dia. E o café esfriava. Resolvi trazer então a velha garrafa térmica de casa, de 400 ml. Teria que passar mais cafés durante o dia mas eles seriam mais fresquinhos. Essa garrafa de casa, lilás, ganhei da minha mãe. Ela comprou uma nova e me deu a antiga, que ganhou de presente de casamento. Então, se estou prestes a completar 39 anos, a garrafa térmica tem 40. Quarenta anos de serviços prestados à nossa família, 16 só comigo. A

16 anos

Se você vive 16 anos num lugar que não é sua cidade de origem e sua vida continua a mesma de quando você chegou, será que não é o caso de ir embora? Não me entenda mal, existe felicidade. Muito mais felicidade que tristeza. Mas será que existe felicidade para você em outros lugares e você está perdendo tempo ficando parada nesta cidade? Longe dos pais. Longe da irmã. Longe da avó. Das amigas de duas décadas. Ao mesmo tempo você está muito perto, muito perto mesmo daquela cidadezinha que você tanto adora. Piscou, está lá, comendo bolo da tia. Piscou, está lá brincando com a filha da prima que é sobrinha de coração e você tanto ama. Neste lugar tem a afilhada e as amigas queridas que sempre socorrem. Tem santoíche e hachimitsu e buraco quente no happy hour de sexta. Será que a vida continua mesmo igual depois de 16 anos? Pensa bem. Se despe das saudades porque elas sobreviverão por onde você for. Pensa bem. Você tem uma casinha só sua. Você tem uma rotina só sua. Demora só dez minutos p

você não sabe nada

Sempre que alguém senta na frente do balcão, fuscas contornam a rotatória. Parece bobagem mas você os vê passar, enquanto escuta a pessoa falar. Alguém chega contando histórias que muitas vezes não fazem o menor sentido. Depois que a pessoa vai embora, você se pega repensando o que ouviu e tenta associar aquelas ideias à sua vida. Sente que tem algo a aprender. Ainda não sabe bem o que. Fuscas. Porque fuscas eu não sei. Só sei que desde que você brincou de ver fuscas no meio do trânsito para distrair a pequena impaciente sentada no banco de trás do carro, se vê contando os redondinhos pelo caminho. Sempre que vê um, não importa a cor, o sorriso vem. É como se o dia não pudesse dar errado uma vez que um fusca cruzou seu olhar. Sua idiota garantia de uma felicidade que nem sempre vem. Cada um tem sua superstição particular: fazer o sinal da cruz sempre que passar por uma igreja, pedir para Maria passar na frente antes de sair com o carro, dizer mantras assim que acorda para que

dilema

Angústia, essa carta é para você. Minha companheira de longa data. Aquela que aparece inesperadamente e fica por uns bons dias até ir embora sem se despedir. Angústia, você veio me visitar de novo, mas creio que dessa vez não é sem motivo. Se bem que sempre tem um motivo, eu é que demoro a descobrir. Você quer me dizer alguma coisa mas não sabe como. Não encontra as palavras. Então você me deixa com vontade de chorar por causa do aperto no peito. Porque tá tudo como deveria e esse aperto insiste em apertar. Angústia, eu já respirei fundo para facilitar sua partida. Eu já disse mantras antes de levantar da cama pela manhã. Eu já repeti os mesmos mantras a caminho do trabalho e ainda assim você insiste. Do que você precisa para seguir seu caminho, angústia? Me deixa sentir paz. Deixa minha mente quieta um pouco e meu coração manso. Eu sei que às vezes você quer que eu pegue na sua mão para me mostrar o caminho, mas por que eu não posso caminhar sozinha de vez em quando? Angústia, você

reprogramando

Já ouviu falar em reprogramação de crenças negativas? Não é nada alternativo não. É uma técnica usada nos consultórios de psicologia, pelo que entendi. Depois de dez anos me ouvindo, a moça da poltrona marrom cansou. Disse que estou repetitiva. E quis testar outras técnicas comigo. Aparentemente tenho só mais uma questão importante a resolver. Para as dezenas de outras neuroses eu já tenho ferramentas para elaborar o entendimento sozinha. Segundo ela. Se bem que tenho me sentido mais confiante mesmo para encarar minhas dificuldades. Não quer dizer que não doa, só quer dizer que agora sei porque dói e quando estou bem nem coço mais de ansiedade. Mas, enfim, reprogramação de momentos tristes. Primeiro precisei recriar na mente um momento feliz que servirá de lugar seguro onde devo me refugiar quando o bicho papão aparecer. Depois, preciso relembrar a cena triste que me causou trauma e elaborar como me sinto. Nesse momento, a psicóloga inicia uma série de estimulações visuais por meio

calendário

Dia 7 é um dia importante. É meu dia. Mas dia 29 também se tornou um dia inesquecível para mim. Assim como o dia 3. São três datas marcantes, assim como um dia foi o dia 6. Hoje, 3 de outubro, completo quatro meses à frente do Buendía Café. Uma empreitada que caiu no meu colo quando eu mais precisava e que chegou para desconstruir tudo o que eu sabia sobre mim. Se eu me achava capaz de qualquer coisa, hoje enxergo meus limites muito mais claramente e não tenho mais vergonha de admitir quando estou cansada. Ou quando erro. Não errei ao assumir sozinha o comando deste pequenino café. Mas não é nada fácil: todo dia é uma vida diferente. Neste espaço posso exercitar minhas vocações diariamente: esperar e ouvir o outro são duas delas. Eu sou uma boa ouvinte, apesar de gostar de dividir também. Mas quem senta no outro lado do balcão pode saber que eu vou prestar atenção na história a ser contada. Já ouvi de tudo por aqui, histórias muito mais inusitadas em cinco minutos de conversa do que

cartinha

Já pensou em quanta coisa nosso cérebro é capaz de processar? Tudo o que ele é capaz de fazer em um rápido segundo para nos manter vivos? Enquanto estou aqui pensando no que escrever, enquanto estou tocando as teclas do computador, enquanto estou lendo e corrigindo erros de digitação ao mesmo tempo em que percebo o que acontece ao meu redor, o cérebro está trabalhando. Ele trabalha tanto e ininterruptamente que às vezes precisa de um descanso. Mas nem quando dormimos ele para realmente. Continua processando tudo o que aconteceu durante o dia, relacionando tudo com nossa memória. Ele não para nunca. E é capaz de produzir as ideias mais malucas e as mais sensatas. Eu estava lendo um texto em inglês e pensando como é fácil para mim hoje entender essa língua que um dia eu não conhecia. Como é fácil falar mesmo não sendo minha língua mãe. Como é fácil ver um filme sem legendas. E me pego pensando que um dia não foi tão fácil assim. Um dia eu tive que decorar palavras e responder inúmer

reflexões

Ontem foi um dia tão esquisito. Tanta coisa diferente aconteceu que eu custei a dormir ainda que meu corpo estivesse cansado. Eu apelei para mais um capítulo do dorama da vez, mas fiquei pensando mais nos dramas cotidianos. Tem tanta coisa acontecendo na vida das pessoas ao nosso redor que a gente não faz a menor ideia. Numa conversa sobre pauta, uma amiga acabou desabafando toda a dificuldade que enfrenta diariamente desde que se tornou esposa e mãe. De fora, me parece que ela tem uma vida bastante confortável e que está feliz com o rumo das coisas, mas por dentro não é bem assim. Eu gostaria de ouvi-la, de saber o que ela tem feito, como tem feito, onde encontra prazer para aplacar a tristeza. Porque por mais que nossas vidas sejam completamente diferentes, o fato de sermos mulheres nos une. Tudo para a mulher é mais difícil. Simplesmente porque a gente sente. E pensa sobre esse sentimento. Coloca na balança prós e contras antes de decidir. Me parece que para os homens é mais fác

sobre amar

Eu não sei o que é o amor romântico. Eu imagino o que seja, mas viver, eu nunca vivi. Eu conheço o amor de mãe e pai. De irmã. De avó. De tia. De tio. Eu conheço o amor de primos. O amor de madrinha. E o dos amigos. Mas aquele amor que faz o estômago embrulhar e que te deixa sorrindo à toa eu não conheço. Eu até já senti, mas foi um sentimento solitário. Então, não devia ser amor. Imagino que o amor romântico é construído a dois. Não adianta nada um sentir e o outro não. Imagino. É só o que eu posso fazer em relação ao amor romântico: imaginar. Recebo mil conselhos, todo mundo dizendo que você precisa estar disponível para recebê-lo e eu sempre achei que estivesse. Bem disponível. Mas a verdade é que nunca estive. Sempre vivi na imaginação onde não passava vergonha e tudo terminava como no último capítulo de novela. Não. Essa não é a realidade. A realidade é voltar todo dia para casa sozinha, deitar no meio da cama e se esparramar. Fazer comida para um só. Lavar só a minha roupa. Não

cadê minhas jujubas

Quando a gente tem uma vida confortável, com família estruturada e caminho quase que previamente traçado, a impressão que dá é que lá pelos 20 anos a gente tem a vida resolvida: é só arrumar o melhor emprego possível na profissão em que a gente se formou, juntar dinheiro para comprar a casa, o carro, encontrar o amor da vida, namorar, viajar, noivar, casar, ter filhos, ser promovido e ir levando até formar os filhos, aposentar, mimar os netos e esperar pelo fim. Por muito tempo esse foi o modelo de vida dessa nossa humanidade. Quem saía um pouco do script era julgado. Condenado. Passava a vida como um rejeitado. Aquele que deu errado, coitado. A ovelha negra da família. Todo mundo se preocupa com ele. O que vai ser dele, meu Deus? Mas daí a gente supera o bug do milênio e uma tal de internet nos conecta com quem nunca conheceríamos se ficássemos lá, vivendo a vida como pregam os tradicionalistas. A sensação é de que a gente pode tudo e não deve perder tempo. Eu, no meio disso tudo, n

a arte de correr na chuva

A única pessoa que me julga sou eu mesma. Cada dia que passa eu penso mais sobre equilíbrio e viver no agora.   E como essa é a nossa missão de vida inteira. Cada escolha que a gente faz impacta diretamente nestas duas variáveis: equilíbrio e agora. Ontem, por exemplo, eu estava exausta do dia intenso de trabalho - gratidão por isso - e só queria chegar em casa e colocar os pés para cima. Mas tinha recebido uma encomenda e precisava adiantá-la. Então escolhi começar o pilates outro dia. Não sem muito debater internamente: quando vou começar a cuidar da saúde? Quando farei o que tanto aconselho os demais a fazerem? Eu não consegui. E bati na porta da professora avisando que só começarei em setembro. Outro embate: com comida na geladeira, uso ou não o cupom do Ifood para pedir um hambúrguer? Usei. Comi. E fui ao segundo turno de trabalho: uma receita de brownie e uma de cookie pro dia seguinte, além da encomenda. E coloquei o cesto inteiro de roupa suja para lavar. Depois de duas horas

nova linguagem

O que de mais interessante absorvi da palestra da amiga sobre comunicação não-violenta é que estou no caminho certo do autoconhecimento. E sim, é um caminho muito duro. Muito duro mesmo. Todo dia a gente esbarra numa dificuldade. Todo dia a gente aprende. E só assim conseguimos nos relacionar melhor com o outro. Uma pergunta muito pertinente que a amiga fez ontem dizia: “Mas você quer mesmo se conectar com o outro?”. Às vezes a gente não quer. A gente só quer seguir a vida, um passo de cada vez. Não dá para se conectar com cada indivíduo que passa em nosso caminho. Mas dá para respeitar todos. Como ela ensinou, dá para buscar entender as necessidades de cada um: a nossa e a do outro. É daí que surge ou não a conexão. O pedido é uma mera finalização de algo que começou no primeiro olhar: na observação. Por isso acredito que quando o santo não bate, simplesmente não dá pra insistir. Isso não quer dizer desrespeitar. Lidando com público diariamente nos últimos 72 dias, consigo sorrir ma

angústrias x desangústias

Ela me pediu que fizesse um desenho. Já era quase fim de sessão, eu tinha ido dormir tarde, acordei cedo e trabalhei o dia todo em pé. Estava cansada. “Desenha uma ‘menininha’”, ela disse. Então fiz o clássico: cabeça em formato de “a”, sendo as perninhas do “a” os cabelos; palitos nos lugares de pernas e braços, bolinhas para mãos e pés, olhos redondos indicando que ela olhava pro lado, um nariz arrebitado e uma “meia boca” esquisita. Entreguei. Ela sorriu: “Melhora isso ai”. Acrescentei um vestido: dois triângulos, um menor representando o busto e um maior a saia. Os gambitos estavam bem abertos. Eu ri. “Não me pede para desenhar que não gosto.” “Nem quando era criança?” “Não. Sempre fui péssima em educação artística.” “Já com as palavras!”, ela brincou, analisando a obra de arte, inspirada no último desenho feito pela Isa, que está colado na minha geladeira. Ela procurou em sua pasta um outro desenho que eu havia feito tempos atrás, em outra sessão. Ao encontrá-lo, gargalhou: “É, nã

coisa de mulher

Enquanto tem presidente dizendo que fraquejou ao ter uma filha, enquanto tem ministra dizendo que mulher tem que ser submissa no casamento, enquanto tem homem dizendo que futebol feminino dá sono, enquanto o Facebook diz que feminismo é mimimi (o que essa pessoa tá fazendo na minha timeline mesmo?), eu reparo que onde trabalho só tem mulher no comando. Isso mesmo. Das oito lojas abertas aqui no primeiro piso do edifício, seis são administradas por mulheres. E a maior parte delas por mulheres que trabalham sozinhas ou com outras mulheres. Que pensam seus negócios, que compram, vendem, limpam, organizam, que levantam cedo, vestem o sorriso e vêm ganhar o pão. Algumas são mães e vejo suas crianças correndo saudáveis pelo saguão enquanto elas atendem seus clientes. Eu acho lindo. Acho verdadeiro. Sem falar nas meninas da limpeza, uma simpática equipe feminina que se completa com as funcionárias da portaria, lindas em seus saltos altos, cabelos escovados e sorrisos largos no rosto, aguent

buendía

"Boa parte da vida passamos coletando pedaços de nós, até nos sentirmos mais completos." Hoje dou mais um passo. Gigante. Daqueles que dá um frio na barriga. A última vez que senti esse friozinho tinha 22 anos, uma mala cheia de roupas - e sonhos - e uma vaga de repórter me esperando no jornal que já foi o quinto maior do País. Dois anos depois de formada. Tive as primas que me acolheram, uma de cada vez, e me ajudaram a aprender a viver sem colo de mãe e pai. Essa parte foi fácil porque sempre fomos como irmãs. Aplacou o medo. Mas todo o resto deu trabalho. Foi quase uma década de reportagem até a primeira promoção. Muito aprendizado. Diário. Principalmente sobre minhas fragilidades e capacidades. Foram mais uns cinco anos editando e liderando equipes das mais diversas. Muita ansiedade. Escrevendo sobre assuntos desconhecidos, num meio machista. Um desafio que me levou ao outro lado do mundo, olha que privilégio. Me fez subir montanhas de gelo. E me ajudou a cri

o necessário

"Nós não podemos odiar o necessário, nós devemos amá-lo!" Ouvi essa frase de um personagem experimental enquanto assistia a uma peça de teatro numa sexta-feira à noite e precisei anotar para relembrar vez ou outra. Achei-a linda. E necessária. Os últimos dias foram intensos. De cabeça fervilhando por conta da amiga ansiedade. Foi tudo tão intenso que até voltei a dormir no sofá. Uma noite dessas, acordei no meio da madrugada com o barulho da tevê. E de repente, percorrendo a sala com os olhos, meu coração acelerou. E comecei a chorar. O pensamento era de total fracasso e a sensação, de abandono. De completa solidão. Quase um pânico. "Como cheguei até aqui?" "Onde estarei quando meus pais já não estiverem mais?" "Quem olhará por mim?" "Será que algum dia deixarei de ser filha?" Então foquei na tevê, respirei fundo e me mantive acordada, prestando atenção numa outra história qualquer. Eventualmente me acalmei e fui para a cama.

sem título

Têm sido tempos estranhos. Não só para nós brasileiros, mas para a humanidade. Em particular, tenho vivido dificuldades diferentes e tudo bem. Estou na metade de mais um setênio, com quase 40 anos, solteira e empreendedora, num mundo que ainda prioriza o casamento, a maternidade e o emprego fixo, senão um cargo público. Estou à deriva e ainda assim tenho um plano. É possível? É perfeitamente possível flutuar e saber minimamente onde se quer chegar. A questão está em assumir que a sua rota e o seu destino nem sempre condizem com o que os outros esperam para você. Ou de você. E repito, tudo bem. Eu sou do jeito que sou e você é do jeito que é e só assim seremos felizes durante o percurso. Uns dias mais outros menos. E tudo bem. Felicidade é um momento não uma meta. Se correr atrás dela o tempo todo periga nunca alcançar e daí tudo o que se viveu perde o sentido. Então, quem quer ser feliz. Eu não. Quero, simplesmente, conquistar mais e mais momentos felizes. Quero paz. Mas quero e pre

pequenos dramas

"Não é sobre o que você faz e sim com quem você faz. São as conexões que você faz pelo caminho que realmente importam." Ouvi essa reflexão num podcast bem meia boca sobre felicidade (quatro desconhecidos discorrendo aleatoriamente sobre o tema tarde da noite) e a tomei para mim. Na maior parte do tempo não sei sobre o que as pessoas estão falando. Nem mesmo meus melhores amigos. Principalmente porque trabalho sozinha em casa e fico o dia todo perdida em meus próprios pensamentos, tomando minhas decisões solitária, quase sempre de forma bem pensada. Ainda que minha personalidade sagitariana impulsiva demonstre o contrário. Eu penso muito. Muito mesmo. E às vezes busco ajuda para decidir. Jogo meus dramas para o outro, dando a ele o poder de me validar. Estou sempre em busca de validação. Mas depois de pensar sobre a frase da moça do podcast, eu resolvi ressignificar meus pequenos dramas diários: não é sobre o resultado - até porque eu normalmente já sei a resposta quando