Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2014

ameixa ou nêspera

Imagem
Quando a Heloísa era pequena, corria para o fundo do quintal roubar ameixa do pé. E como se deliciava com a frutinha de cor alaranjada e sabor pronunciado que o pai dela cultivava com todo esmero.  Outro dia, fazendo compras no supermercado, ela se deparou com um pacotinho de ameixas e seus olhos brilharam: "Iguais as que eu comia quando era pequena". Não hesitou e colocou logo um pacote de ameixas no carrinho.  Qual não foi sua surpresa ao conferir o preço da fruta e descobrir que não se chamava mais ameixa, como ela conhecia, mas nêspera. Pegou o pacote mesmo assim e numa noite qualquer, depois de chegar do trabalho, se deliciou com as frutinhas.  Tão realizada por ter encontrado as ameixas - ou melhor, nêsperas -, ela fotografou um prato cheio delas e postou na internet, porque nos dias de hoje, se você não compartilha, é como se não tivesse vivido aquela experiência. "Eu conhecia como ameixa, da época em que eu subia direto no pé da árvore que tinha no sítio do pa

trabalho árduo, humilde, imprescindível

Imagem
Imagina aquela senhorinha pequenininha e perfumada acordando cedo todo dia para preparar a comida do marido, que sai de madrugada para a roça. De avental na cintura e presilha no cabelo, ela coloca um bocado de arroz, feito na hora, umas colheradas de feijão incrementado com linguiça, frita um ovo e arruma tudo dentro da marmita, bem separadinho, sem esquecer da salada de alface e tomate. De sobremesa, separa uma laranja bem docinha.  O marido coloca a quentinha na bolsa, ao lado da térmica com café quente e da garrafa com água gelada, dá um beijo na testa da esposa, e espera o patrão passar na estrada, buzinando a caminhonete. Ele sobe no carro, dá bom dia, e segue para o trabalho ouvindo as notícias matinais da rádio local.  Na roça, não há distinção entre o trabalho do patrão e do empregado. Ambos estão vestindo suas roupas de campo: calça jeans surrada, camisa de mangas compridas para aplacar os danos do sol, bota e boné. Ambos carregam suas sacolas com as marmitas e a água gelad

bala de coco

Eu tenho muitas tias, entre as italianas, a madrinha e as tias de coração, e cada uma delas me ensinou - e ensina - algo diferente todo dia. Esta tia em especial é a mais mansa de todas. Mansa no bom sentido porque a voz doce sussurando no meu ouvido sempre trouxe bons conselhos e histórias divertidas. E a paciência - que ela tem de sobra e eu tenho de menos - para ouvir minhas lamúrias. Nós convivemos pouco quando eu era criança. Eu crescia na metrópole, ela criava sua filha única no interior. Mas lembro sempre do carinho. Do beijo leve na bochecha seguido do abraço e dos doces. Bombons, bolos, pirulitos de chocolate, bala de coco. Me lembro de férias inesquecíveis que passei na casa dela num verão. Eu, minha irmã e as primas aprontando todas no quintal de terra batida que tinha uma árvore linda e a piscininha de plástico da prima morena que queria ser loura. Foi uma semana de brincadeiras mil, de passeios de bicicleta pela pacata Cândido Mota, de gengiskan, geladinho e bolo floresta