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Mostrando postagens de 2014

sobre números

"O amor só dura dois anos." Esta frase da amiga - que tem um contexto que não cabe aqui - me fez pensar sobre os números da vida. Para mim, os números começam com a idade. A gente passa nove meses na barriga da mãe, vem ao mundo, e é visitado por um monte de gente nos primeiros meses, quando os dentes doem para nascer e sorrimos por qualquer bobagem. Quando completa um ano - com aquela tremenda festa que só faz sentido para os adultos - aprende a andar, e ganha uma certa independência. Dai para frente são conquistas diárias: a primeira palavra, os terríveis dois anos, a primeira aula na escolinha e assim vai. Minha vida começou a mudar aos três anos quando chegou a irmã mais nova. Não seria mais única. Mas acho que isso nunca me incomodou. Pelo menos é o que minha mãe diz. Claro que sinto ciúmes, mas estou mais controlada. Acho que sinto mais falta dela ao meu lado do que ciúme, mas são sentimentos que a vida nos ensina a equilibrar. Mas falando em números, aos sete eu com

diário de uma aluna de gastronomia, parte 3

Molhos, ABNT e Masterchef Iniciar uma faculdade de gastronomia depois de 13 anos formada em jornalismo e fora da escola foi mais difícil do que eu pensava. Havia me esquecido das provas e trabalhos e das benditas normas técnicas da ABNT, que têm tirado meu sono algumas noites. Havia me esquecido como é ter que trabalhar em grupo e enfrentar umas 50 pessoas completamente diferentes de mim que também serão cozinheiros e encaram as aulas como se tudo aquilo fosse um verdadeiro Masterchef (não, não é, somos todos aprendizes). Havia me esquecido que teria de preparar saladas - e não gosto nada de comida fria.  Garde Manger é a matéria que trata deste tópico que tanto abominei em toda a vida, mas que aprendi a respeitar e até gostar - desde que a receita não leve ovos cozidos e pepino. Brincadeiras à parte, as aulas de cozinha fria foram muito complicadas para mim, que normalmente não coloco verde no prato - ou legumes que não tenham sido cozidos na manteiga.  Holandês francês Mas apre

deletei

Hoje apaguei mais de 800 e-mails do meu outlook, 822 para ser exata. Tinha coisa lá que eu nem lembrava mais, de mais de cinco anos. Respostas para amiga que mandava notícias do navio, histórias saudosas do primo italiano, pedidos para o advogado finalizar o distrato da lojinha, informações do casal que me ajudou a superar a perda de uma amizade com a oportunidade de ler para crianças em necessidade, enfim, tinha tanta coisa lá, mas bastou dois únicos cliques para deixar tudo onde pertence: no passado. Que sou apegada ao que aconteceu ontem todo mundo sabe, que acho que ontem era melhor que hoje e será sempre melhor que amanhã também, mas de repente é chegada a hora de colocar as coisas em seus devidos lugares e simplesmente aceitar que a vida é o hoje. Não são as aventuras italianas, as festas na caverninha, os almoços de domingo na casa da professora de natação ou as noites ouvindo música na penumbra da sala da amiga. Não são as terças, as quartas, as quintas de nomes engraçados que

suspiro

Minha mãe sugeriu que eu escrevesse, só assim a dor no estômago me abandonaria. Eu disse que nem isso consigo fazer mais. Não sei bem porque. Este ano foi tão maluco e rápido e intenso, que só queria colocar os pés na areia e contemplar o mar. Mas não vou à praia. Ao invés disso, vou à cachoeira. Deve fazer o mesmo efeito. Pelo menos espero. Há tanto tempo que não entro em contato com a natureza que já nem sei mais se sei bem como fazer isso. Só sei que este ano precisa acabar logo e bem. Porque 2015 precisa começar com o pé direito, abraços carinhosos, sorrisos, brindes, enfim, muita energia positiva para fazer com que o ano seja alegre. Eu acredito nessas bobagens. Até tentei não acreditar, mas acredito. Sou neta da minha vó e ela é bem supersticiosa. É claro que não me apego aos mínimos detalhes como ela, mas é claro, também, que desejar momentos felizes para a virada do ano é muito mais que superstição: é normal. Que assim seja, então, energias positivas para mim, para meus pais, m

sem noção

Não faço a menor ideia do que estou fazendo com a minha vida. Sei que tenho alguns sonhos bobos que um dia gostaria de realizar, e que a vida está ai para ser enfrentada, dia a dia, mas ainda assim, gostaria de ter algumas certezas. Na verdade, até sei o que não quero mais para mim. E que algumas vontades são muito difíceis de realizar. Mas normalmente me sinto perdida em mim mesma, tentando acertar a todo momento. Hoje estou de folga, para curtir minha mãe, que completa 59 anos amanhã. Mas acordei às sete da manhã com mensagens das colegas de universidade me perguntando sobre trabalhos da faculdade. Não dormi mais, fiquei matutando como resolver a situação e passei o dia na internet, terminando os trabalhos ao lado da colega que também estava de folga, mas não conseguiu folgar porque carrega um senso de responsabilidade tão grande quanto o meu. Onde iremos parar, eu e ela, me pergunto. Nos preocupando com quem nem sabe que existimos. Ou será que no fundo estamos nos preocupando é com

diário de uma aluna de gastronomia - capítulo 2

Impossíveis cubos milimétricos A primeira informação que se tem ao iniciar a faculdade de gastronomia é a importância de estar sempre uniformizado na cozinha. Unhas curtas, sem esmalte e cabelos presos são tão fundamentais quanto a calça xadrez, a camiseta, o dólmã e o avental brancos em algodão, a touca e o toque - o chapéu de cozinheiro. O dos professores é maior, mais bonito e impõe respeito. Na cozinha, todos lutam por aquele toque.  Pois bem, a segunda lição é saber empunhar a faca do chef, o principal instrumento do cozinheiro. Cabe ao dono cuidar dela com carinho, afiando-a antes de cada trabalho, com a ajuda de uma boa pedra, um tanto de força e paciência. São diferentes polegadas, materiais, cores, preços, basta escolher a combinação que mais te agrada.  Habilidades Nas aulas de habilidades, tivemos uma manhã inteira para deixar nossas facas tinindo. Primeiro recriamos o fio do aço fazendo movimentos infindáveis de vaivém de um lado e do outro da lâmina na pedra. Depois,

Diário de uma aluna de gastronomia

Amor, paciência e água Ter coragem para levar uma vontade adiante é mais ou menos como assar um pão. O segredo está na paciência. Desde pequena me vejo preparando bolos para adoçar a boca da família. Me vejo inventando molhos para o macarrão de domingo e tentando preparar o risoto perfeito para uma noite solitária. Há anos acompanho e aprendo com os programas de culinária da TV, desde os tempos da Ofélia. Aliás, é dela minha receita infalível de bolo de chocolate com rum.  Pois seria natural querer começar uma nova aventura numa faculdade de gastronomia. Tempo e vontade de sobra, uma poupança no banco e a companhia da prima dez anos mais jovem me estimularam a colocar em prática um sonho antigo.  Devaneios  A moça da poltrona marrom, que analisa meus devaneios, me alertou: se eu quiser ter sucesso na empreitada de ser uma universitária aos 33 anos e 13 anos de jornalismo terei que aprender a esperar o pão fermentar antes de colocá-lo no forno para assar e ficar fofinho como a

mi buenos aires querida

Me senti como numa cena de um filme. Era como se a qualquer momento alguém interviria na minha solidão, me sacando para fora dela e me apresentando a vida. Mas não. Foi apenas um passeio por Puerto Madero. Eu olhando para cima a cada arranhacéu que cruzava meu caminho em busca de uma medianeira. De uma falha na estrutura que me levasse a esse mundo mágico que vive em mim e do qual sou refém. Caminhando por Buenos Aires - e hoje os ares eram gelados e o vento machucava os olhos - me senti como estivesse em qualquer outra cidade do mundo, vivendo a rotina. Mas não estava na minha velha rotina e sim numa escapada que se mostrou difícil, porque este público simplesmente não liga para mim e não adianta sorrir e dizer que sou de Londrina etc e tal porque é cada um por si e a montadora por todos. Mas enfim, tive que caminhar sozinha por las calles e por medo de me perder, perdi a chance de explorar mais. Uma perda calculada já que me esperava no quarto 421 do Hilton um banho de banheira. Porq

ameixa ou nêspera

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Quando a Heloísa era pequena, corria para o fundo do quintal roubar ameixa do pé. E como se deliciava com a frutinha de cor alaranjada e sabor pronunciado que o pai dela cultivava com todo esmero.  Outro dia, fazendo compras no supermercado, ela se deparou com um pacotinho de ameixas e seus olhos brilharam: "Iguais as que eu comia quando era pequena". Não hesitou e colocou logo um pacote de ameixas no carrinho.  Qual não foi sua surpresa ao conferir o preço da fruta e descobrir que não se chamava mais ameixa, como ela conhecia, mas nêspera. Pegou o pacote mesmo assim e numa noite qualquer, depois de chegar do trabalho, se deliciou com as frutinhas.  Tão realizada por ter encontrado as ameixas - ou melhor, nêsperas -, ela fotografou um prato cheio delas e postou na internet, porque nos dias de hoje, se você não compartilha, é como se não tivesse vivido aquela experiência. "Eu conhecia como ameixa, da época em que eu subia direto no pé da árvore que tinha no sítio do pa

trabalho árduo, humilde, imprescindível

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Imagina aquela senhorinha pequenininha e perfumada acordando cedo todo dia para preparar a comida do marido, que sai de madrugada para a roça. De avental na cintura e presilha no cabelo, ela coloca um bocado de arroz, feito na hora, umas colheradas de feijão incrementado com linguiça, frita um ovo e arruma tudo dentro da marmita, bem separadinho, sem esquecer da salada de alface e tomate. De sobremesa, separa uma laranja bem docinha.  O marido coloca a quentinha na bolsa, ao lado da térmica com café quente e da garrafa com água gelada, dá um beijo na testa da esposa, e espera o patrão passar na estrada, buzinando a caminhonete. Ele sobe no carro, dá bom dia, e segue para o trabalho ouvindo as notícias matinais da rádio local.  Na roça, não há distinção entre o trabalho do patrão e do empregado. Ambos estão vestindo suas roupas de campo: calça jeans surrada, camisa de mangas compridas para aplacar os danos do sol, bota e boné. Ambos carregam suas sacolas com as marmitas e a água gelad

bala de coco

Eu tenho muitas tias, entre as italianas, a madrinha e as tias de coração, e cada uma delas me ensinou - e ensina - algo diferente todo dia. Esta tia em especial é a mais mansa de todas. Mansa no bom sentido porque a voz doce sussurando no meu ouvido sempre trouxe bons conselhos e histórias divertidas. E a paciência - que ela tem de sobra e eu tenho de menos - para ouvir minhas lamúrias. Nós convivemos pouco quando eu era criança. Eu crescia na metrópole, ela criava sua filha única no interior. Mas lembro sempre do carinho. Do beijo leve na bochecha seguido do abraço e dos doces. Bombons, bolos, pirulitos de chocolate, bala de coco. Me lembro de férias inesquecíveis que passei na casa dela num verão. Eu, minha irmã e as primas aprontando todas no quintal de terra batida que tinha uma árvore linda e a piscininha de plástico da prima morena que queria ser loura. Foi uma semana de brincadeiras mil, de passeios de bicicleta pela pacata Cândido Mota, de gengiskan, geladinho e bolo floresta

hidratando

Que vida estranha tenho eu. Na primeira semana depois da volta às aulas, cheia de dúvidas sobre continuar ou não o tal curso de gastronomia, se vale a pena tanto estresse só para aprender a cozinhar, etc e tal, me deparo com o aniversário de sete anos da minha querida amiga Clarice. Foi uma tarde de cinema, balões, sanduíches e coroas de princesas. E algumas idas ao banheiro depois de muito suco de uva, o preferido da baixinha. Pois passar esse tempo com a Clari e suas amiguinhas de sete anos me trouxe a tranquilidade que eu precisava para colocar as ideias em ordem. Não me entenda mal, segunda-feira vai chegar e com ela os problemas do dia a dia, mas simplesmente assistir um desenho na telona e ver as meninas brincando num circuito maluco que tem até piscina de bolinhas me salvou de mim mesma neste sábado gelado de inverno. Pela manhã assisti uma aula muito divertida sobre técnicas de bar e até divaguei no trabalho que o professor passou em sala. Ele perguntou o que era coquetel. Eu,

união que dá força

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Quando penso em cooperativismo, recordo das férias no interior, na casa dos tios agricultores. Lembro de um dia ter sido convidada a acompanhar a colheita de soja, numa tarde de muito calor, em meio ao feriado de Carnaval.  Seguimos com meu tio de caminhonete até a plantação, onde os primos colhiam o grão, para levar o lanche da tarde para eles. De um lado, o mais velho, pilotando a colheitadeira. Do outro, o mais novo, dirigindo o caminhão que recebia os grãos que seriam transportados até a cooperativa da cidade.  Eu decidi subir no caminhão e me jogar no meio da soja, achando aquele ritual da colheita pura diversão. Depois que a caçamba do caminhão já estava cheia, acompanhei o primo até a cooperativa, onde a soja da família foi descarregada. Lá ela ficaria guardada até o tio decidir vender algumas sacas, quando o mercado estivesse favorável à commoditie.  Aquela pequena cooperativa nasceu para dar suporte à produção agrícola da colônia de imigrantes italianos e hoje já está prese

a história de duas isabellas

Quando soubemos da chegada da nossa Isabella, a alegria tomou conta da família. Desde os primeiros chutes na barriga da mãe até a notícia de que ela havia nascido quase um mês antes do previsto. Um ano depois, nos preparamos para comemorar seu primeiro aninho, com a família toda presente no almoço pensado com tamanho carinho pelos pais e pela tia coruja. Uma bailarina tomou conta do salão nos detalhes da decoração e a pequena, que apenas engatinhava, tornou-se, literalmente, a pessoa mais importante da família na hora do parabéns. É claro que ela não entendeu nada e quem teve que assoprar a velinha foi a mamãe, mas ela estava linda e apontava cada vez que reconhecia uma música "cantada" pela galinha pintadinha. Nós nos empanturramos de brigadeiro para comemorar a vida da pequena que alegra nossas semanas. Ela continua crescendo linda e forte. Já caminha com os próprios pés e corre quando brincamos de pega-pega. Adora esconder e cai na risada quando fazemos cócegas em sua b

bendita simplicidade

Hoje há uma preocupação tremenda com a segurança alimentar e o valor nutricional da comida que colocamos no nosso organismo. Desde a escolha do alimento até o modo de preparo. Desde a simples vontade de comer um um doce à culpa imediata por comê-lo quase sempre para aliviar um momento de estresse.  Mas ao lembrar dos almoços na casa da avó quando era pequena, do avô pedindo um toucinho torradinho para incrementar o arroz e feijão de cada dia, percebo que saudáveis eram eles, que se alimentavam do prato básico do brasileiro, acompanhado basicamente de verduras cozidas e, quando sobrava um dinheirinho, um bife. Sobremesa era fruta. E não podiam faltar um pão com manteiga e café quentinho nos lanches da manhã e da tarde. Minha avó me conta que ao crescer na casa comandada pela mãe italiana, que tinha que alimentar os oito filhos com o pouco dinheiro que o marido português trazia da fábrica de velas, não podia existir desperdício. E mesmo morando na metrópole, o quintal da nonna em tudo

filme

Quase sempre me sinto como se estivesse dentro de um filme. Às vezes sou personagem principal, outras apenas a coadjuvante de alguma outra história que não me pertence. Normalmente, quando estou no filme, sinto como se tudo aquilo que acontece não me pertencesse. Meu corpo apenas obedece aquilo que outra mente manda, já que a minha própria mente avalia tudo como se fosse outra pessoa vivendo aquilo tudo. E na verdade, esse filme recorrente nada mais é do que a vida sendo vivida no automático. Só nos momentos em que paro para contemplar é que me dou conta do verdadeiro filme: a vida real. E ela é bonita, cheia de colorido, pessoas queridas, comida boa, música, natureza e carinho. Essa vida é que move minha mente para querer sair da rotina. E consequentemente minha mente move meu coração e meu corpo. Isso é raro, pois o filme precisa de sequência. Precisamos, todos, levantar, trocar de roupa, colocar algo no estômago e iniciar o dia. Temos uma vaga ideia de como ele será, dado o roteiro

um dólmã

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Em todo o meu desespero para tornar a vida mais leve, resolvi colocar uma antiga vontade em prática e iniciei uma faculdade de gastronomia. Pelos próximos dois anos acordarei cedo e passarei as manhãs na cozinha, preparando delícias ao lado da prima e dos jovens (e alguns não tão jovens) colegas de universidade.  Preguiçosa que sou, me pergunto onde tudo isso vai dar. Mas ainda estou naquela fase inicial do relacionamento quando tudo é apaixonante e adoro passar meu dólmã e preparar a mochila para ir para "escola". Apesar de "suadas", as aulas são a parte mais refrescante do meu dia, que nem sempre tem hora para acabar. Nesta empreitada, conto com a companhia da prima caçula, que também decidiu aprender a comandar as panelas. Acordamos cedo juntas, vestimos o uniforme juntas e rimos juntas das nossas trapalhadas na cozinha. Não, não ficamos no mesmo grupo e tive que reaprender a conhecer pessoas e fazer novas amizades. Difícil, já que decidi que tenho amigos sufic

trabalho, paciência e fé

Se tem uma coisa a que estou acostumada é escutar produtor rural reclamar. Seja da falta de chuva, do preço da semente, do adubo e do defensivo, dos baixos valores recebidos pela soja e pelo milho, da política do governo. Isso graças aos meus tios agricultores, personagens da minha história rural.  O mais velho, mesmo com as costas travadas, não deixa ninguém subir na plantadeira e faz questão de colher a própria soja a cada safra. Tem filho agrônomo, genro horticultor e netos que ajudam o pai a cuidar da horta aos fins de semana.  Tem outro tio que está sempre no barracão ajustando o maquinário. Ele acorda e vai dormir olhando para o céu, pedindo chuva. E diariamente leva bronca da tia por entrar em casa todo sujo de poeira. E tem o tio que toca sozinho a pequena propriedade do pai e sustenta duas famílias.  Tem também o tio que trabalhou com os dois filhos mais velhos até pouco tempo atrás e hoje vê os garotos crescerem por conta própria, arrendando terra, investindo em novos maqu

wishlist

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Num domingo em que normalmente eu acordaria tarde, almoçaria café da manhã, veria pelo menos dois filmes antes de tomar banho e ir trabalhar, a amiga convida para provar chilli. E o almoço de domingo ganha caráter especial quando me encontro com os amigos da amiga e participo de uma conversa que há tempos não experimentava. Quis colocar meus pontos de vista em alguns momentos, mas em geral teria sido bom do mesmo jeito só sentar e ouvir, entre um gole e outro de cerveja ou entre uma mordida ou outra no doritos recheado de guacamole. E foram algumas horas de conversa: uma troca inigualável de histórias e pontos de vista. O mais divertido é que tudo se deu na mais santa paz, sem agressões, sem ninguém querendo impor verdades sobre o outro. Sai de lá com a vontade de estender o papo porque aprendi tanto e queria continuar aprendendo com meus amigos. Percebi que sou ingênua sobre algumas posições até mesmo porque tenho pouca informação sobre o assunto e entendi que preciso ler mais para po

aqueles oito alqueires

O bom de reunir toda a família para comemorar as festas de fim de ano é poder sentar com aquele tio que você não vê durante o ano todo e conversar. Neste último Natal com a italianada não foi diferente. Depois da comilança preparada com carinho pelas tias, que mais uma vez nos deliciaram com a lasanha e a maionese, e pelo tio e pelo primo, que tomaram conta da churrasqueira, resolvi dividir uma cerveja gelada com meu pai, dois tios, um primo e uma prima para lembrarmos, juntos, como era a vida no sítio.  O tio mais novo começou lamentando o quanto era judiado pelos mais velhos. Meu pai e o outro tio riram, retrucando que não era mais do que a obrigação dele saber tirar leite da vaca, alimentar as galinhas, carpir, selar os cavalos, enfim, realizar os pequenos afazeres do dia a dia de uma propriedade rural.  O tio baixinho e invocado ralhou com meu pai, dizendo que boa vida teve ele, que pouco trabalhou no sítio, já que desde adolescente saiu de casa para estudar. Meu pai, o único do

vida sem filtro

Eu senti um aperto no peito ao receber uma notícia bem triste no segundo dia do ano. Foram dias de aperto no peito. O aperto passou, mas deixou uma certeza: é preciso estar perto de quem se ama. Decidi fazer todos os tipos de sacrifício para ficar com que eu amo. Ainda que dê preguiça de vez em quando. Ainda que o sofá e a tevê pareçam mais convidativos. Ainda que a mãe insista em ficar brava por motivos irracionais. Ainda que ela me faça chorar depois de mais de um dia sem dormir. Eu quero estar perto de quem eu amo porque é desse amor que me alimento. É esse carinho que me faz ter vontade de seguir em frente. Eu preciso ser mais paciente, menos reclamona, mais sorridente, mais positiva. Desses pequenos momentos ao lado de quem me ama incondicionalmente eu conseguirei o combustível para acreditar que posso ser uma pessoa melhor. Não perfeita, melhor. Ao receber outra notícia bem triste e descobrir que quem eu amo está mais próximo de mim do que eu poderia imaginar, tive a certeza de q