a história de duas isabellas
Quando soubemos da chegada da nossa Isabella, a alegria tomou conta da família. Desde os primeiros chutes na barriga da mãe até a notícia de que ela havia nascido quase um mês antes do previsto.
Um ano depois, nos preparamos para comemorar seu primeiro aninho, com a família toda presente no almoço pensado com tamanho carinho pelos pais e pela tia coruja. Uma bailarina tomou conta do salão nos detalhes da decoração e a pequena, que apenas engatinhava, tornou-se, literalmente, a pessoa mais importante da família na hora do parabéns. É claro que ela não entendeu nada e quem teve que assoprar a velinha foi a mamãe, mas ela estava linda e apontava cada vez que reconhecia uma música "cantada" pela galinha pintadinha.
Nós nos empanturramos de brigadeiro para comemorar a vida da pequena que alegra nossas semanas.
Ela continua crescendo linda e forte. Já caminha com os próprios pés e corre quando brincamos de pega-pega. Adora esconder e cai na risada quando fazemos cócegas em sua barriguinha fofa. Nossa Isabella conversa. Quer dizer, faz barulhinhos com a boca como se estivesse contando sua história. Vez ou outra solta um "manhê" ou "paiê", mas a palavra da vez é "petis", como ela chama a chupeta.
Encontrá-la nem que seja por algumas horinhas no fim de semana torna a semana seguinte mais fácil de ser vivida. Até a braveza dela é encantadora.
Se nossa Isabella é assim especial mesmo fazendo o que toda criança de um ano e meio faz, conheço a história de outra Isabella tão especial quanto a fofurinha. E essa história é de arrepiar de emoção.
A Isabella do Edson e da Ordália é irmã da Ester Laura, que nasceu há exatos dois meses com alguns problemas de saúde. Desde então ela permanece internada na UTI Neonatal, onde recebe o tratamento necessário para se recuperar.
A luta pela vida é diária e a pequena já vivenciou todas as dificuldades possíveis em pouco tempo de vida. Não sem ensinar diariamente a família sobre o quão tênue é a linha que nos separa da morte. E esse ensinamento o pai dela, meu amigo, me ensinou também neste último mês em que convivi com ele no trabalho.
Quando conversei com ele pela primeira vez desde que a Ester havia nascido, a primeira frase que ele me disse foi: "Estou em paz". Isso porque ele fez um esforço enorme para entender e aceitar a situação sem perder a fé. Me ensinou que existe um lado bom na tristeza: a esposa dele tinha tanto leite que acabou alimentando outros bebês da UTI.
E todo dia era uma história diferente de superação. Não é tão fácil quanto parece, mas é possível se viver apenas com fé e esperança. Tocar o dia a dia como dá, ainda que o pensamento se volte sempre para a filha lutadora.
Pois esta semana foi a vez da Isabella finalmente conhecer a Ester. Os pais tinham medo de como seria esse encontro e tentaram adiar ao máximo, ainda que a mais velha perguntasse sempre pela mais nova.
E qual não foi a surpresa (talvez nem tão surpreendente assim) quando a Isabella resolveu sorrir para a irmã que estava na encubadora e contar sobre o seu dia na escola. A médica colocou a nenê no colo da mãe para que a irmã de apenas 4 anos pudesse tocar suas mãozinhas frágeis. A bebê abriu os olhos como se entendesse que a família finalmente se reunia. Pai e mãe sentiram seus corações na boca e choraram e imagino que a médica que permitiu esse momento também deve ter derramado uma lágrima ou outra. Eu me arrepio ao escrever essa história e também sinto vontade de chorar. Um choro de vitória.
Essa história que não me pertence passa a fazer parte das minhas lembranças porque me ensina a ter fé. Me fez pensar sobre a benção de também ter uma Isabella que me deixa mais feliz quando estou para baixo.
Entendo que as crianças são sim a esperança de um mundo melhor. Elas guardam a tal inocência perdida e nos ensinam muito mais do que ensinamos a elas. Até os mais céticos, os mais descrentes. Elas tiram um sorriso ou outro até de quem não as quer por perto.
De mim, elas tiram tudo o que de melhor posso oferecer e que não consigo dar aos adultos. Vai entender por quê?
Gostaria que um dia a minha Isabella conhecesse a irmã da Ester. E que as duas pudessem brincar até cansar. Ser crianças enquanto ainda dá tempo porque o resto da vida é muito mais duro de carregar.
---
No mesmo dia em que me emociono com uma história sobre saudade e outra sobre superação, descubro que a irmã passou no doutorado. Um orgulho tremendo toma conta do meu peito e sinto que meus pais fizeram um bom trabalho conosco, ainda que alguns momentos tenham sido difíceis. Hoje também completo 11 anos de firma, 11 anos longe de casa, 11 anos de independência e responsabilidade. E essa celebração acontece quando tento recomeçar, voltando à universidade. A rotina cansa e às vezes a vida de estudante me tira do sério, mas é preciso enfrentar a tempestade antes de conquistar a bonança, já diz o ditado. E assim como deu certo para a irmã, vai dar certo para mim também. Basta acreditar, ter fé e cultivar a esperança.
Um ano depois, nos preparamos para comemorar seu primeiro aninho, com a família toda presente no almoço pensado com tamanho carinho pelos pais e pela tia coruja. Uma bailarina tomou conta do salão nos detalhes da decoração e a pequena, que apenas engatinhava, tornou-se, literalmente, a pessoa mais importante da família na hora do parabéns. É claro que ela não entendeu nada e quem teve que assoprar a velinha foi a mamãe, mas ela estava linda e apontava cada vez que reconhecia uma música "cantada" pela galinha pintadinha.
Nós nos empanturramos de brigadeiro para comemorar a vida da pequena que alegra nossas semanas.
Ela continua crescendo linda e forte. Já caminha com os próprios pés e corre quando brincamos de pega-pega. Adora esconder e cai na risada quando fazemos cócegas em sua barriguinha fofa. Nossa Isabella conversa. Quer dizer, faz barulhinhos com a boca como se estivesse contando sua história. Vez ou outra solta um "manhê" ou "paiê", mas a palavra da vez é "petis", como ela chama a chupeta.
Encontrá-la nem que seja por algumas horinhas no fim de semana torna a semana seguinte mais fácil de ser vivida. Até a braveza dela é encantadora.
Se nossa Isabella é assim especial mesmo fazendo o que toda criança de um ano e meio faz, conheço a história de outra Isabella tão especial quanto a fofurinha. E essa história é de arrepiar de emoção.
A Isabella do Edson e da Ordália é irmã da Ester Laura, que nasceu há exatos dois meses com alguns problemas de saúde. Desde então ela permanece internada na UTI Neonatal, onde recebe o tratamento necessário para se recuperar.
A luta pela vida é diária e a pequena já vivenciou todas as dificuldades possíveis em pouco tempo de vida. Não sem ensinar diariamente a família sobre o quão tênue é a linha que nos separa da morte. E esse ensinamento o pai dela, meu amigo, me ensinou também neste último mês em que convivi com ele no trabalho.
Quando conversei com ele pela primeira vez desde que a Ester havia nascido, a primeira frase que ele me disse foi: "Estou em paz". Isso porque ele fez um esforço enorme para entender e aceitar a situação sem perder a fé. Me ensinou que existe um lado bom na tristeza: a esposa dele tinha tanto leite que acabou alimentando outros bebês da UTI.
E todo dia era uma história diferente de superação. Não é tão fácil quanto parece, mas é possível se viver apenas com fé e esperança. Tocar o dia a dia como dá, ainda que o pensamento se volte sempre para a filha lutadora.
Pois esta semana foi a vez da Isabella finalmente conhecer a Ester. Os pais tinham medo de como seria esse encontro e tentaram adiar ao máximo, ainda que a mais velha perguntasse sempre pela mais nova.
E qual não foi a surpresa (talvez nem tão surpreendente assim) quando a Isabella resolveu sorrir para a irmã que estava na encubadora e contar sobre o seu dia na escola. A médica colocou a nenê no colo da mãe para que a irmã de apenas 4 anos pudesse tocar suas mãozinhas frágeis. A bebê abriu os olhos como se entendesse que a família finalmente se reunia. Pai e mãe sentiram seus corações na boca e choraram e imagino que a médica que permitiu esse momento também deve ter derramado uma lágrima ou outra. Eu me arrepio ao escrever essa história e também sinto vontade de chorar. Um choro de vitória.
Essa história que não me pertence passa a fazer parte das minhas lembranças porque me ensina a ter fé. Me fez pensar sobre a benção de também ter uma Isabella que me deixa mais feliz quando estou para baixo.
Entendo que as crianças são sim a esperança de um mundo melhor. Elas guardam a tal inocência perdida e nos ensinam muito mais do que ensinamos a elas. Até os mais céticos, os mais descrentes. Elas tiram um sorriso ou outro até de quem não as quer por perto.
De mim, elas tiram tudo o que de melhor posso oferecer e que não consigo dar aos adultos. Vai entender por quê?
Gostaria que um dia a minha Isabella conhecesse a irmã da Ester. E que as duas pudessem brincar até cansar. Ser crianças enquanto ainda dá tempo porque o resto da vida é muito mais duro de carregar.
---
No mesmo dia em que me emociono com uma história sobre saudade e outra sobre superação, descubro que a irmã passou no doutorado. Um orgulho tremendo toma conta do meu peito e sinto que meus pais fizeram um bom trabalho conosco, ainda que alguns momentos tenham sido difíceis. Hoje também completo 11 anos de firma, 11 anos longe de casa, 11 anos de independência e responsabilidade. E essa celebração acontece quando tento recomeçar, voltando à universidade. A rotina cansa e às vezes a vida de estudante me tira do sério, mas é preciso enfrentar a tempestade antes de conquistar a bonança, já diz o ditado. E assim como deu certo para a irmã, vai dar certo para mim também. Basta acreditar, ter fé e cultivar a esperança.
Comentários
Postar um comentário