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Páginas e páginas de culpa

Guardo no fundo do armário uma caixa de cartas que tenho recebido desde 1989. São 33 anos de lembranças. Todas boas. Cartões de aniversário, de Natal, de formatura. Folhas de caderno com dezenas de recadinhos das amigas do primário, do colegial, da faculdade, do jornal. Muitos envelopes feitos à mão, com detalhes coloridos, adesivos. Tem carta das primas, das amigas, da mãe, da irmã, da vó. De quem um dia foi família e hoje já não é mais. Mas tem uma única carta, de quatro ou cinco páginas, que eu guardei só para lembrar que um dia eu também já magoei muito alguém. Uma única carta de uma pessoa que abandonei há 23 anos. Linhas que hoje estão quase ilegíveis.  Nesta carta, que hoje eu fui reler e descobri que o tempo a deixou quase ilegível, eu sou descrita como a pior das amigas. Enquanto ela provou sua amizade para mim de inúmeras maneiras, eu só fiz magoá-la. E ela sofreu tanto, que precisou desabafar nesta carta, que mais parece um diário dos dois anos em que fomos "amigas&quo