Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2019

dilema

Angústia, essa carta é para você. Minha companheira de longa data. Aquela que aparece inesperadamente e fica por uns bons dias até ir embora sem se despedir. Angústia, você veio me visitar de novo, mas creio que dessa vez não é sem motivo. Se bem que sempre tem um motivo, eu é que demoro a descobrir. Você quer me dizer alguma coisa mas não sabe como. Não encontra as palavras. Então você me deixa com vontade de chorar por causa do aperto no peito. Porque tá tudo como deveria e esse aperto insiste em apertar. Angústia, eu já respirei fundo para facilitar sua partida. Eu já disse mantras antes de levantar da cama pela manhã. Eu já repeti os mesmos mantras a caminho do trabalho e ainda assim você insiste. Do que você precisa para seguir seu caminho, angústia? Me deixa sentir paz. Deixa minha mente quieta um pouco e meu coração manso. Eu sei que às vezes você quer que eu pegue na sua mão para me mostrar o caminho, mas por que eu não posso caminhar sozinha de vez em quando? Angústia, você

reprogramando

Já ouviu falar em reprogramação de crenças negativas? Não é nada alternativo não. É uma técnica usada nos consultórios de psicologia, pelo que entendi. Depois de dez anos me ouvindo, a moça da poltrona marrom cansou. Disse que estou repetitiva. E quis testar outras técnicas comigo. Aparentemente tenho só mais uma questão importante a resolver. Para as dezenas de outras neuroses eu já tenho ferramentas para elaborar o entendimento sozinha. Segundo ela. Se bem que tenho me sentido mais confiante mesmo para encarar minhas dificuldades. Não quer dizer que não doa, só quer dizer que agora sei porque dói e quando estou bem nem coço mais de ansiedade. Mas, enfim, reprogramação de momentos tristes. Primeiro precisei recriar na mente um momento feliz que servirá de lugar seguro onde devo me refugiar quando o bicho papão aparecer. Depois, preciso relembrar a cena triste que me causou trauma e elaborar como me sinto. Nesse momento, a psicóloga inicia uma série de estimulações visuais por meio

calendário

Dia 7 é um dia importante. É meu dia. Mas dia 29 também se tornou um dia inesquecível para mim. Assim como o dia 3. São três datas marcantes, assim como um dia foi o dia 6. Hoje, 3 de outubro, completo quatro meses à frente do Buendía Café. Uma empreitada que caiu no meu colo quando eu mais precisava e que chegou para desconstruir tudo o que eu sabia sobre mim. Se eu me achava capaz de qualquer coisa, hoje enxergo meus limites muito mais claramente e não tenho mais vergonha de admitir quando estou cansada. Ou quando erro. Não errei ao assumir sozinha o comando deste pequenino café. Mas não é nada fácil: todo dia é uma vida diferente. Neste espaço posso exercitar minhas vocações diariamente: esperar e ouvir o outro são duas delas. Eu sou uma boa ouvinte, apesar de gostar de dividir também. Mas quem senta no outro lado do balcão pode saber que eu vou prestar atenção na história a ser contada. Já ouvi de tudo por aqui, histórias muito mais inusitadas em cinco minutos de conversa do que