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Mostrando postagens de 2022

balanço

Eu gosto de escrever para significar tudo que me acontece. E para poder ler depois e recordar, repensar. Então vou escrever sobre meu 2022 para ler ano que vem e lembrar como foi que vivi no primeiro ano pós-pandemia. Este ano, eu resolvi voltar a ser jornalista em tempo integral. Eu fiz as contas e mandei currículos e me programei. Disse pra mim mesma: qualquer coisa eu vendo o carro. Já em fevereiro recebi duas propostas que não só tiraram minha zona de conforto na escrita como me ensinaram novas possibilidades de exercer a profissão. Em alguns momentos eu pensei em desisitir porque não me sentia boa o suficiente. Mas ainda bem que eu insisti. Foram dois projetos de branding para duas grandes marcas nacionais, em que conheci uma equipe carioca cheia de conteúdo e sal. Em outra frente, escrevi copys para candidatos a deputados, numa primeira tentativa de trabalhar para políticos. Em ambos os trabalhos senti medo de errar e cheguei a achar que seria dispensada. Mas depois de concluir

o dia em que encontrei o convite do meu aniversário de 1 ano num livro de Simone de Beauvoir

Depois de mudar do apê do bosque, onde tinha vivido os últimos 13 anos e quase toda a pandemia, para um apartamento com vista para o Vale Verde, nos "Jardins londrinenses", em outubro do ano passado eu resolvi passar uns dias no apartamento dos meus pais, em São Paulo. Acabei ficando por lá dois meses. Minha irmã também estava lá. Sua casa estava em reforma e ela e o marido mudaram-se pro Novo Mundo por um ano. Dormiram no meu quarto de adolescente enquanto eu dormi no quarto dela que, de dia, se transformava em escritório. Minha irmã trabalhou muito enquanto estive lá. Eu chorei muito. Fuçando no armário cheio de livros da minha mãe, resolvi começar a ler Simone de Beauvoir. Nunca tinha lido. Nem imaginava que minha mãe tinha um livro com essa temática. Então comecei a ler, devagar.  Estava fazendo tudo devagarinho em outubro passado, com uma dose de vacina no braço e máscara no rosto. Saí de casa para encontrar as amigas  pela primeira vez em quase dois anos de pandemia.

Ciclo

Depressão. Rejeição. Superação. Depressão. Rejeição. Superação... Euforia. Simpatia. Alegria.  Euforia. Simpatia. Alegria... Arrependimento. Entendimento. Acolhimento.  Arrependimento. Entendimento. Acolhimento... Desamor. Contrapor. Amor.  Desamor. Contrapor. Amor! A vida é um ciclo. Um ciclo vicioso. Vicioso porque se repete. Se repete porque não encaramos. Não encaramos porque dá medo. Dá medo porque nos deixa vulneráveis. Vulneráveis porque somos imperfeitos. Imperfeitos e humanos. Humanos e frágeis. Frágeis, mas corajosos. Corajosos, mas responsáveis. Responsáveis e maduros. Maduros e empáticos. Empáticos e amorosos. Amorosos e amigos. Amigos e companheiros. Companheiros na alegria e na tristeza. Na tristeza que passa. Passa porque a vida é um ciclo. Um ciclo vicioso.

Páginas e páginas de culpa

Guardo no fundo do armário uma caixa de cartas que tenho recebido desde 1989. São 33 anos de lembranças. Todas boas. Cartões de aniversário, de Natal, de formatura. Folhas de caderno com dezenas de recadinhos das amigas do primário, do colegial, da faculdade, do jornal. Muitos envelopes feitos à mão, com detalhes coloridos, adesivos. Tem carta das primas, das amigas, da mãe, da irmã, da vó. De quem um dia foi família e hoje já não é mais. Mas tem uma única carta, de quatro ou cinco páginas, que eu guardei só para lembrar que um dia eu também já magoei muito alguém. Uma única carta de uma pessoa que abandonei há 23 anos. Linhas que hoje estão quase ilegíveis.  Nesta carta, que hoje eu fui reler e descobri que o tempo a deixou quase ilegível, eu sou descrita como a pior das amigas. Enquanto ela provou sua amizade para mim de inúmeras maneiras, eu só fiz magoá-la. E ela sofreu tanto, que precisou desabafar nesta carta, que mais parece um diário dos dois anos em que fomos "amigas&quo