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Mostrando postagens de janeiro, 2019

quatro estações

Eu me apaixonei por você num outono. Você pulou da escada e meu coração disparou. Eu fui me apaixononando por você um pouco por dia. Naquela conversa de horas, divagando sobre seriados de tevê, eu simplesmente entendi que meu coração nunca mais estaria vazio. Eu não queria ir dormir. Você me levou até a sala e me desejou boa noite do alto daquela escada. Eu me apaixonei por você num inverno. Numa conversa de bar, na montanha. Eu soube ali que minha vida nunca teria graça sem você. Eu estava alegre de rum com coca e sonolenta e mal conseguia te ouvir quando dividimos uma cama pela primeira vez. Nós descemos a montanha e nós cantamos na estrada, a lua refletindo nos campos de arroz. Nós temos uma música. Eu me despedi de você com a promessa de que te veria de novo nesta vida. Fazia parte da minha lista de coisas a fazer antes de morrer. Nós trocamos muitos e-mails, por anos a fio. Com o tempo eles foram se tornando mais e mais raros. Até que um dia e

o dia em que os londrinenses foram pro sítio

Não sei porque mas senti uma energia tão positiva naquela sexta-feira à noite que meu corpo se recusou a dormir. Fazia muito tempo que não varava a noite conversando, esperando o sol nascer. Ele nasceu às 6h40 da manhã de sábado quando estávamos em três sobreviventes sentados na grama, olhando o céu. Mas estava nublado então não foi aquele nascer do sol de respeito que esperávamos. Havíamos acabado com um engradado de cerveja e filosofado sobre como deve ser a vida dos jovens adultos nascidos no século passado. No caso, nós. As adolescentes deste século nos fizeram companhia e foram responsáveis por tocar Joy Division enquanto deitávamos no terreirão para ver melhor as estrelas. Ainda não acredito que essa banda foi trilha sonora de uma noite no sítio. De madrugada. Com os compadres. Com a afilhada. Com os pais da Clara. E com a Ceci e a amiga veggie. Gente do bem que em uma horinha montou algumas pizzas e comeu pão italiano enquanto esperava a muçarela derreter na calabresa. Foi a s

realidade x ficção

Ontem todo mundo foi até a casa da minha mãe ver a vó. Ela caiu da cama, machucou o peito e sentiu-se mal. Precisou de umas boas horas no hospital do novo convênio para descobrir que está bem. Só precisa se alimentar melhor. Tomou soro com vitamina B12 para dar uma arribada, como se diz. Chegou na casa da filha abatida, dolorida e reclamando como sempre. Mas comeu um prato de sopa e tomou um banho antes de vestir a camisola lilás e deitar na cama que um dia foi da segunda neta e agora será dela. Ai o pessoal começou a chegar para visitá-la. Primeiro meu pai, que chegou com uma sacola de remédios, entre eles pomada para as dores da sogra. Depois chegaram meu tio com a esposa e as duas filhas. Eles acabavam de voltar das férias na praia. Um bom tempo depois chegaram meu primo e a namorada, que subiram na moto depois da aula de salsa só para ver a vó. Minha irmã estava na praia e usou o aplicativo de vídeo para pedir para a vó se comportar. Minha outra tia ligou mais tarde para saber da