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Mostrando postagens de fevereiro, 2016

fugaz

Quando alguém morre, relembramos nossas saudades e percebemos como a vida é frágil e fugaz. Fiquei sabendo da sua morte em um fim de tarde inacabável de trabalho. Por uma mensagem no celular. Uma dessas praticidades da modernidade, que em nada substituem o carinho da voz, mas tudo bem. Como não sei lidar muito bem com a morte, respondi com outra mensagem e logo comprei a passagem pelo site da companhia. Tudo muito prático e rápido. E enquanto fechava duas páginas de sábado com as últimas notícias de política, pensei na dona Isabel. Ela não era minha vó mas esteve sempre presente. Pouco conversei com ela, mas sempre me entretive com as suas histórias, contadas pelos meus primos. Eles tinham duas vós. A nossa e a vó Isabel. Que morou com eles desde sempre. Que dividiu quarto, fez comida, lavou roupa e ensinou a aproveitar o que a vida tem de melhor, ainda que na terceira idade. Ela era a senhorinha sempre bem vestida, com cabelos bem penteados, unhas feitas, batom na boca. Ela se arrumav

ombros

Meu corpo dói. Faz um tempo já. Eu continuo ignorando e ele continua doendo. Eu durmo mal, levanto quebrada e vou da cama pro sofá. E do sofá pra cadeira desconfortável em frente ao computador. Por lá fico boas horas. E como sou preguiçosa, levanto só pra beber água e ir ao banheiro. Depois volto pra casa, pro sofá, pra cama. E assim tem sido. Duas vezes por semana danço. Bato palmas e pés e giro a saia longa em frente ao espelho. E só. Um dia até gostei de caminhar por ai, hoje tenho preguiça e, pra ajudar, o corpo dói. Ano passado, nessa mesma época, pós-Carnaval, fiquei surda. Descobri uma sinusite que desde então tem sido minha melhor amiga. Precisei furar os tímpanos e ainda tomo banho com algodão no ouvido e não posso mergulhar. Aplaco o calor desse verão de El Niño com a água do chuveiro mesmo. Há dois dias tenho sentido uma dor lancinante nos ombros. Será a tensão do jornalismo? Serão os músculos que não se exercitam? Sei lá. Só sei que dói e penso na surdez de 2015 e que nada

um carnaval

Tempo, tempo, tempo. Tem pouco, tem de sobra. Não tem. Não sei. Só sei que está passando. E dá a sensação de muito não para pouco sim. De não saber o que se faz aqui e, às vezes, lembrar e sorrir. E amansar o medo, desafogar o aperto no peito. Simplesmente tomar uma cerveja na companhia de gente querida até acabar a última garrafa no fundo do isopor cheio de gelo derretendo devagar. Será que o tempo é o que precisamos para fazer tudo o que queremos? Ou será que o tempo não tem nada a ver com isso? Inventamos desculpas para justificar escolhas. Inventamos, inventamos, inventamos. E escolhemos, escolhemos, escolhemos. E vivemos, vivemos, vivemos. Da melhor maneira que sabemos. Mas que o tal do ponteiro está passando rápido, isso tá. Melhor correr atrás antes que seja tarde? Ou melhor ir bem devagar para curtir o passeio, já que a graça está na viagem e não no destino? Sei lá. Às vezes eu tenho de sobra: tempo, amor, vida. Às vezes me falta tanto que fica até difícil respirar. Vou seguind