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Mostrando postagens de 2016

quando não tem remédio, remediado está

To sem remédio há um par de meses já. E com muitas demandas. Sem o remédio, voltaram as crises de choro. Voltou também a vontade de escrever. Só não sei bem sobre o que quero falar. Muita coisa aconteceu nesse 2016 sincerão. Mudanças. Conquistas. Creio que o saldo é positivo, mas tem dias que dá vontade de colo de mãe. De cafuné de pai. Tem dia que queria comer bolinho de banana da vó. Podia ser até o pão com margarina torradinho na frigideira. Que saudade que deu dos cafés na cozinha da casa da rua soldado Cristóvão Moraes Garcia. A casa com o jardim mais bonito e rosado do Parque Novo Mundo. Que saudade que deu de ouvir o vô contar suas histórias. Ontem eu chorei do nada. A prima perguntou se tava tudo bem e disse que sim, que estava emocionada. Tinha acabado de colar a etiqueta da Doce Malô num pacote de biscoito de cacau. Nosso sonho tem uma cara. Nosso negócio tem um pedido. Dois, na verdade. E o que parece pouco para uns é demais para mim. Tão grande que transborda. Enquanto isso

gourmetizando a escapada europeia

Nestas férias fiz algo que há tempos queria, mas não tinha coragem de fazer: viajei para a Europa. Fora a crise econômica, que faz qualquer um pensar duas vezes em gastar em euros e libras esterlinas, a vontade de investir num novo negócio me deixou em dúvida. Será que estava fazendo a coisa certa?  Depois de pouco pensar e muito agir - só assim para colocar os sonhos em prática - comprei passagem de avião, paguei hotéis, apartamentos, hostel, passagens de trem e coloquei roupas leves na mala, afinal seria verão no continente europeu. Eu e a Marian, amiga que me convidou para a aventura, partimos em busca de novas experiências em todos os sentidos, inclusive o paladar. Eu, principalmente. E lá fomos nós, experimentar. Na primeira parada, Paris. Minhas expectativas: pain au chocolat, eclair e macarron da Ladurrée. A realidade superou toda as minhas vontades. Apesar do sol na maior parte dos dias, o vento deixava o clima um tanto gelado e precisamos de blusa para dar conta de subir na

obrigada

Eu quero agradecer. Simplesmente agradecer. Minha família, meus amigos, e a mim mesma por me deixar descobrir a cada dia uma qualidade nova. Somos todos cheios de defeitos e qualidades e quase sempre vemos só os defeitos, mas hoje eu vou falar das qualidades.  Quero agradecer minha mãezinha. Ela é tão difícil quanto eu. Talvez eu seja sua versão mais jovem. Carrego os mesmos medos e só pude vencer porque ela segurou e segura na minha mão. Talvez faltou alguém segurar na mão dela como ela segura a minha. Ou talvez ela deveria estar exatamente onde está porque se não existisse ela, não existiríamos eu e Natalia. Meu pai não seria quem é sem ela. A vó não seria quem é. O resto são escolhas que acabam em vida.  Eu vou lá longe falar do quanto a minha vó foi importante para mim. O quanto o amor e carinho dela por mim enquanto eu crescia me fez querer dar amor e carinho a todo mundo. Eu quero dizer para todo mundo que ela é uma mulher cheia de defeitos que nos deixam loucos vez ou outra, mas

just a little respect

Eu me considero uma pessoa de respeito. Primeiro porque aprendi a me colocar no lugar do outro e a julgar menos - ainda que julgue muitos, pois sou bastante imperfeita. Segundo porque acredito em ser educada e que sorrindo para o outro - ou pelo menos "tendo modos" -, a chance de receber um sorriso de volta é bem grande.  Esta não está sendo uma semana fácil, não à toa voltei a escrever. Mas, na verdade, a vida tem estado difícil há um tempo já. Não é uma prerrogativa brasileira não. O mundo está virado, pelo menos é o que eu sinto. E está difícil para todo mundo. Talvez menos para os mais ricos, mas se eles tiverem o mínimo de consciência e amor pelo próximo, pelo menos se consternam pelas dificuldades alheias vez por outra. Às vezes isso não acontece, eu sei. Vivemos o cada um por si e Deus por todos diariamente e estou muito cansada disso tudo. Olhar o próprio umbigo é bom, faz a gente acreditar no nosso potencial e crescer por nossa conta, mas de vez em quando é bom ao m

diário de uma aprendiz de confeiteira

Técnicas culinárias e cheesecake  No final de 2015 terminei meu curso de confeitaria. Na prova teórica final precisei descrever pelo menos 20 técnicas culinárias que aprendi durante o ano. E enquanto escrevia o relatório – escrever é minha praia, então pensa só o tamanho do texto -, percebi que aprendi muito mais do que poderia imaginar.  Já na prova prática, fiquei com a missão de preparar um cheesecake com calda de frutas vermelhas. Eu teria que seguir a receita da professora, bem diferente daquela que eu havia feito na aula e que devoramos com gosto.  Então lá fui eu interpretar a receita e executá-la, passo a passo. O resultado final ficou bem gostoso, mas poderia ter caprichado mais em algumas técnicas, como a professora explicou. Em resumo, tirei uma nota alta e fiquei bem feliz.  Depois de avaliar as quatro alunas e de degustarmos nossas criações e lavarmos toda a louça pela última vez no ano, foi o momento da despedida.  Plano B Em seus comentários, a professora contou q

fugaz

Quando alguém morre, relembramos nossas saudades e percebemos como a vida é frágil e fugaz. Fiquei sabendo da sua morte em um fim de tarde inacabável de trabalho. Por uma mensagem no celular. Uma dessas praticidades da modernidade, que em nada substituem o carinho da voz, mas tudo bem. Como não sei lidar muito bem com a morte, respondi com outra mensagem e logo comprei a passagem pelo site da companhia. Tudo muito prático e rápido. E enquanto fechava duas páginas de sábado com as últimas notícias de política, pensei na dona Isabel. Ela não era minha vó mas esteve sempre presente. Pouco conversei com ela, mas sempre me entretive com as suas histórias, contadas pelos meus primos. Eles tinham duas vós. A nossa e a vó Isabel. Que morou com eles desde sempre. Que dividiu quarto, fez comida, lavou roupa e ensinou a aproveitar o que a vida tem de melhor, ainda que na terceira idade. Ela era a senhorinha sempre bem vestida, com cabelos bem penteados, unhas feitas, batom na boca. Ela se arrumav

ombros

Meu corpo dói. Faz um tempo já. Eu continuo ignorando e ele continua doendo. Eu durmo mal, levanto quebrada e vou da cama pro sofá. E do sofá pra cadeira desconfortável em frente ao computador. Por lá fico boas horas. E como sou preguiçosa, levanto só pra beber água e ir ao banheiro. Depois volto pra casa, pro sofá, pra cama. E assim tem sido. Duas vezes por semana danço. Bato palmas e pés e giro a saia longa em frente ao espelho. E só. Um dia até gostei de caminhar por ai, hoje tenho preguiça e, pra ajudar, o corpo dói. Ano passado, nessa mesma época, pós-Carnaval, fiquei surda. Descobri uma sinusite que desde então tem sido minha melhor amiga. Precisei furar os tímpanos e ainda tomo banho com algodão no ouvido e não posso mergulhar. Aplaco o calor desse verão de El Niño com a água do chuveiro mesmo. Há dois dias tenho sentido uma dor lancinante nos ombros. Será a tensão do jornalismo? Serão os músculos que não se exercitam? Sei lá. Só sei que dói e penso na surdez de 2015 e que nada

um carnaval

Tempo, tempo, tempo. Tem pouco, tem de sobra. Não tem. Não sei. Só sei que está passando. E dá a sensação de muito não para pouco sim. De não saber o que se faz aqui e, às vezes, lembrar e sorrir. E amansar o medo, desafogar o aperto no peito. Simplesmente tomar uma cerveja na companhia de gente querida até acabar a última garrafa no fundo do isopor cheio de gelo derretendo devagar. Será que o tempo é o que precisamos para fazer tudo o que queremos? Ou será que o tempo não tem nada a ver com isso? Inventamos desculpas para justificar escolhas. Inventamos, inventamos, inventamos. E escolhemos, escolhemos, escolhemos. E vivemos, vivemos, vivemos. Da melhor maneira que sabemos. Mas que o tal do ponteiro está passando rápido, isso tá. Melhor correr atrás antes que seja tarde? Ou melhor ir bem devagar para curtir o passeio, já que a graça está na viagem e não no destino? Sei lá. Às vezes eu tenho de sobra: tempo, amor, vida. Às vezes me falta tanto que fica até difícil respirar. Vou seguind

um velho rascunho inacabado (ou mais do mesmo)

Estou aqui, em mais um momento de pura ansiedade, sem dormir direito, pensando em tudo o que aconteceu para eu chegar até esse momento em particular. Revendo fotos, relendo textos, relembrando histórias que agora pertencem ao passado. De verdade, tive um bom passado. Mas quero construir um futuro ainda melhor. Tão divertido quanto aquele carnaval interminável ou as noite de litrão. Foram muitas as fases, os amigos. Alguns sumiram e voltaram, outros simplesmente sumiram. Uns para pior e outros para melhor. Ainda assim, sinto falta de todos, em alguns momentos. Quando me lembro da vizinha que almoçava comigo aos domingos ou de quando aprendi a nadar. Lembro das paixões platônicas (e quantas foram) e como eu nunca consegui realizá-las. De como meti os pés pelas mãos quando deveria ter simplesmente seguido o curso da vida. Precisei errar muito para aprender. E ainda me pego cometendo os mesmos erros de vez em quando. A diferença é que hoje consigo perceber isso e tentar evitar ao máximo o

au revoir dois mil e crise

Esse ano foi bem maluco: troquei a faculdade de gastronomia pelo curso de confeitaria, fiquei doente, precisei abrir os tímpanos – literalmente – para poder voltar a me ouvir e me curei preparando bolachinhas amanteigadas ao lado da prima caçula. Ela, sim, que como eu apostou na cozinha, se formou gastrônoma. Quem sabe um dia trabalharemos juntas em outra cozinha que não a do meu apartamento – apertadinha. Merecemos espaço para abrir e cortar a massa quebradiça que leva muita manteiga e derrete na boca depois de assada.  Outra maluquice de 2015 foi aprender a dançar flamenco – e me apresentar em frente a uma centena de pessoas, em especial, a fofurinha de três anos que ficou vidrada nas castanholas. Não as minhas, claro, sou novata no sapateado espanhol. Mas foi errando e acertando passos nas aulas de dança que entendi que não é preciso ser perfeito para ter sucesso, mas é preciso dedicação.  Das duas professoras – de confeitaria e flamenco – sempre ouvia que tinha que ter atitude. N

calmaria

E se eu te dissesse que aprendi a agradecer até o que de ruim me acontece. E se eu te dissesse que não quero mais brigar, que quero te mimar só para ver um sorriso teu. E se eu te dissesse que cansei da rotina, que sinto que aprendi tudo o que podia onde estou e que preciso mudar. E se eu te dissesse que sei que o dinheiro é importante e que a segurança deixa a vida mais fácil, mas que no fundo eu queria mesmo era viajar para bem longe só para poder voltar e contar novas histórias. E se eu te dissesse que ainda tenho medo de ficar sozinha, mas que tenho certeza que darei conta. E se eu te dissesse que amo meus amigos como irmãos. E se eu te dissesse que vi meus pais agindo como crianças que ganharam o presente dos sonhos.  E se eu te dissesse que tudo o que eu quero para a vida é sorrir pelo menos uma vez por dia. E ver o amigo abandonar a cara feia e rir com a barriga de vez em quando. E se eu te dissesse que sinto saudade o tempo todo e gostaria de repetir alguns momentos mesmo saben