quando não tem remédio, remediado está

To sem remédio há um par de meses já. E com muitas demandas. Sem o remédio, voltaram as crises de choro. Voltou também a vontade de escrever. Só não sei bem sobre o que quero falar. Muita coisa aconteceu nesse 2016 sincerão. Mudanças. Conquistas. Creio que o saldo é positivo, mas tem dias que dá vontade de colo de mãe. De cafuné de pai. Tem dia que queria comer bolinho de banana da vó. Podia ser até o pão com margarina torradinho na frigideira. Que saudade que deu dos cafés na cozinha da casa da rua soldado Cristóvão Moraes Garcia. A casa com o jardim mais bonito e rosado do Parque Novo Mundo. Que saudade que deu de ouvir o vô contar suas histórias. Ontem eu chorei do nada. A prima perguntou se tava tudo bem e disse que sim, que estava emocionada. Tinha acabado de colar a etiqueta da Doce Malô num pacote de biscoito de cacau. Nosso sonho tem uma cara. Nosso negócio tem um pedido. Dois, na verdade. E o que parece pouco para uns é demais para mim. Tão grande que transborda. Enquanto isso, uma série de problemas me acompanha na firma. O lugar que me acolheu há 13 anos e que ainda me sustenta. Eu tenho dó de abandonar o jornalismo. Ainda mais que aprendi a fazer. E sigo aprendendo. Mas o momento é tão inquietante que não sabemos como agir diante das mudanças da profissão. Seguimos tentando. Sigo tentando. Queria não ter a necessidade latente de agradar a todo mundo. Queria poder me dar o direito de errar sem sentir tanta culpa. Queria poder não querer ser perfeita o tempo todo. O remédio aplacava essa sensação. Ao mesmo tempo, vivi o último ano no limbo dos sentimentos. Sentia e não senti ao mesmo tempo. Foi bom, mas estranho. Fiquei bem perto do equilíbrio e gostei. Mas gosto mais de chorar. E de escrever. E de tentar ser melhor sempre. Ainda que algumas coisas não dependam só de mim. Já se passou um ano da minha primeira apresentação no flamenco. Domingo estarei no palco pela segunda vez, bailando a sevillana. Um ritmo alegre. O nervosismo do ano passado nem chegou perto de mim esse ano. Decidi que vou me divertir, mesmo que erre um passo ou outro e que as mãos não acompanhem os pés. E quero conseguir transpor as sensações de bem-estar da dança e da confeitaria para o jornalismo. E me perdoar e seguir em frente se o futuro não for tão promissor como eu gostaria.

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