Postagens

Mostrando postagens de 2018

Treisoitão

Hoje já é amanhã então significa que às 20 horas desse novo dia completarei 38 anos. A neta mais velha de um lado, número 13 do outro, a primogênita com uma irmã só. A moça que é sempre Mari, Ma, Mariane e até Marina, mas quase nunca Mariana. A jornalista independente que já vive fora da casa dos pais há 15 anos. A aprendiz de confeiteira que pagou os boletos deste ano com o dinheiro da venda de bolachinhas que ela assa no forno de casa. Que engraçado. Enquanto trabalhava na minha cozinha hoje, fui escolher uma música no spotify e ele me sugeriu ouvir a playlist das mais tocadas na minha conta este ano. Foi muito divertido cantarolar músicas que me remetem a uma adolescência tardia e pensar que eu ainda não cresci. Não de verdade. Passei o ano viajando, indo a shows, vendos séries na tevê, lendo livros feministas e indo ao cinema sempre que deu na telha. O trabalho foi pouco se comparar ao tanto de horas trabalhadas nos últimos sete anos. Mas sinto como se eu tivesse passado de ano n

doutora

Passei semanas construindo textos na minha cabeça. Têm sido dias de muito sentimento. Queria falar sobre o quanto aprendi sobre limitação e empatia. Queria dizer que gostaria de ter votado no segundo turno das eleições mas não estava em casa e que chorei no colo da mãe depois do resultado. Queria falar do meu medo. Queria contar que a irmã finalmente terminou a tese e que bateu um orgulho danado da doutora que se formou por mérito próprio. Creio que ela é a primeira doutora da nossa família. Doutora em recuperação de áreas degradadas. Criadora de florestas. Disseminadora de conhecimento. Pesquisadora. Putaquepariu tenho uma irmã doutora. Acho que essa é a melhor notícia que eu não publicarei como jornalista. Não escreverei sobre a pesquisa dela porque já não escrevo mais profissionalmente. Há um ano, cinco meses e oito dias. Mas quem está contando. Eu fiz tanto durante esse tempo mas às vezes eu sinto que não fiz nada. Separar a rotina de jornalista da de confeiteira microempreendedora

sobre ser sagitariana romântica incurável

Eu chorei por quase duas semanas inteiras. Sempre um pouquinho por dia, para sobrar para o dia seguinte. O choro foi de transformação. Um choro de quem está definindo as coisas que não quer mais e descobrindo as coisas que quer da vida. E quando isso acontece, o coração fica tão grande que mal cabe no peito. E dá aquela angústia. Mas é mais um "que bom que você lembrou que estou aqui e continuo batendo, apesar de tudo". Eu tenho deixado esse coração meio de lado e agora que o velho corpo parece funcionar mais tranquilamente, o meu bom bombeador de sangue - e sentimentos - demandou a tal atenção merecida. Eu não sei o que vai acontecer. Mas não posso mais ficar resolvendo tudo nas ideias e decidir que isso ou aquilo não é para mim sem antes viver o isso ou aquilo. É simples assim. Ou melhor, não é tão simples. Mas é perfeitamente possível. E se tiver chororo, que seja de alegria pelas descobertas.

quero

Depois de me afundar em um universo fantasioso por dias, participando de histórias fortes mas que não são minhas, essas linhas extrapolam meu peito, quase que gritando em busca de vida do lado de fora: "Quero só pensar em você. Estar com você. Conversar com você. Ver filmes, ouvir música. Comer e beber juntos. Simplesmente te admirar. Me deixar ser admirada. Sentir vergonha e sorrir com os olhos. Dormir cedo e acordar tarde. Ler ao seu lado. Te ouvir contar histórias. Te contar as minhas. Namorar. Namorar muito. Sentir tanta saudade que só uma mensagem  não é suficiente para matar a vontade de ficar junto. Quero dançar com você e para você. E que você dance para mim também. Quero te beijar ao acordar. Te preparar café. E gostosuras. Bolo no seu aniversário. Eu quero me descobrir através dos seus olhos. E que você se descubra através dos meus. E que tenhamos apelidos e piadas internas. E briguemos de vez em quando só para poder fazer as pazes. Eu quero ser brega. Quero viajar e e

água fria

Essa semana foi muito estranha. Sem explicação. Simplesmente foi. A amiga sugeriu que há algo diferente no ar, já que ela não conseguiu dormir direito. Mas também podia ser a coca-cola. Vai saber. Eu dormi bem todas as noites e vaguei pelos dias fazendo o mínimo. Recorri para uma trilha sonora das antigas para curar a dor de cotovelo e derramei umas lagriminhas de autopiedade. Mas passou. Ou vai passar. Pode ser TPM também, já que terminei o pacote de chocolate suíço depois de três meses. Não sei. Sei que tentei fazer manteiga caseira com a nata que ganhei da tia e da prima mas ela bateu, bateu, bateu e não soltou soro. O que eu estava fazendo de errado? Lamentei, googlei, desisti e fui fazer outras coisas, do tipo bolachinhas de especiarias para dar vida a alfajores. Receita que conheço de cor e salteado. Dai que resolvi pedir ajuda aos universitários, quer dizer, à tia que é incrível cozinheira. O conselho foi: deixa a nata bem gelada e bate com algumas pedras de gelo. Tentei de no

2x1

Minha mãe veio me trazer de volta para casa. Antes de partir, me abraçou chorando. Disse que ficaria com saudade. Eu a abracei e disse que também sentiria a falta dela, mas que ela não precisava chorar. Foram dias muito felizes. Meu pai também me abraçou e lembrou que o número de telefone dele continuava o mesmo e que eu deveria ligar caso precisasse de alguma coisa. Ou mesmo sem precisar de nada. Esse é meu pai. Meu coração estava apertado mas eu fui forte. Não chorei. Fui tirar as roupas de pouco mais de um mês de viagem da mala. Fui preencher os espaços vazios do guarda-roupa. E colocar os novos imãs na geladeira. Não foi só minha mãe que trouxe pequenos objetos ferromagnéticos para grudar na rotina tudo que foi inesquecível no mês de junho de 2018. Depois de lavar parte da roupa suja que repousou um mês no cesto, deitei no meu velho sofá. Meu porto seguro. A tevê a cabo estava fora do ar como eu previa e fui resolver. Tira o conversor da tomada, tira o smartcard, põe o smartcard, l

uma carta para você

Há tempos estou com uma vontade dentro do peito. Uma ânsia de contar o que se passou comigo naquela noite. De te dizer que nunca me perdoei pelo modo como tratei seu sentimento. Eu estava tentando fazer diferente, ser o que não sou, e deu no que deu. Não estava nem remotamente pronta para ouvir o que você tinha a me dizer. O que eu sabia que você diria. A única certeza que eu tinha é que a minha resposta seria negativa. Quer dizer, eu sabia que tinha medo e que não conseguiria te dizer sim. Não naquele momento. Ouvir de alguém que somos especiais é contraditório. É maravilhoso saber que tem alguém que pensa na gente nos momentos de bobeira. E é aterrorizante não suprir tais expectativas. Foi por isso que saí correndo aquele dia. Que te deixei lá com suas palavras gentis, entrei no carro e voei para casa. Fui egoísta. Desculpa. Eu não pude dormir aquela noite. Eu não pude te olhar nos olhos nos anos seguintes. Eu estava envergonhada. Por que eu não te acolhi? Por que eu não acreditei

Inn saie

A vida é mesmo muito louca. Muito louca mesmo. Às vezes você filosofa sobre ela e ela te devolve fatos. Ações. A vida é construída nas vontades do pensamento mas principalmente nos atos. Que adianta pensar e não agir. Eu falo demais porque penso demais e falando consigo resolver algumas questões que têm urgência em sair da minha cabeça. E por falar demais quase sempre meto os pés pelas mãos. Mas quer saber, uma hora encontrarei um pouco de equilíbrio. E ele será conquistado com ajuda. Ninguém faz nada sozinho. Muito menos que aparenta a perfeição. Essa loucura de nuvem nos deixa bem confiantes porque o virtual é fácil demais. Quero ver contar a verdade. Essa ninguém quer mesmo ouvir. Mas quer saber, eu vou continuar falando demais e errando o timing e vou continuar fugindo para a beleza e superficialidade das redes sociais de vez em quando porque esse mundo já não é o mesmo de antes e é preciso seguir em adaptação. Quem não tem cão, caça com gato. Não significa que eu não facilmente tr

ready to start

O avião atrasou. Quarenta e cinco minutos pra ser mais exata. Eu já estava acordada desde as 3h50, esperando o alarme do novo celular funcionar. Ele deveria despertar às 4. E porque nunca durmo direito quando vou viajar cedo. Fui dormir à meia noite depois de trabalhar em pé por quase 12 horas. Foram dois dias de trabalho intenso no preparo de mais de dez quilos de bolachinhas diversas que trago na mala de mão. Não quis despachar para garantir a integridade física de craquelookies e rachadinhos. E só posso torcer para que cheguem sãs e salvas ao destino final. Pois bem, estamos decolando às 6h37. O sol nascendo lá fora. Já avisei meu pai que o voo vai atrasar. Mas ele, como pontual que é, estará me esperando quando eu chegar em Guarulhos. Para passar o tempo, to ouvindo músicas no spotify. As playlists da vida, construídas em minutos, porque esse é o melhor aplicativo de todos os tempos. E nem preciso de internet. Só memória no celular. Foi por isso que comprei um modelo novo com mai