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Mostrando postagens de 2011

eu quero subjetividade

De tanto me apegar às minhas próprias tradições, decidi abandonar tudo este fim de ano. Não vou comer lentilha, não vou comer romã, nem uvas, não vou jogar champagne por trás dos ombros, nem pular ondinhas, apesar da chuva que cai na cidade da garoa. Não vou usar roupa nova, nem lingerie colorida para pedir sei lá o que. No máximo vou guardar uma folha de louro na carteira, se minha vó me der uma. Isso porque precaução nunca é demais. Vou tentar não levantar tantas polêmicas e falar menos durante a festa, apesar de saber que isso é quase impossível. Falando sério, o ano de 2011 foi o que eu construí para ele. O bom e o ruim dele fui eu quem criou. Toda ansiedade e desespero que experimentei no primeiro semestre, quando decidi que do jeito que estava não dava mais. Todo o esforço para dar um passo adiante e conquistar uma mudança importante. Até os sentimentos ruins para com pessoas tão queridas me fizeram crescer e entender e aceitar e virar a página. E acreditar que eu mereci tudo o q

elucubrações sobre o gostar

De repente entedi como funciono. E por que as minhas paixões platônicas nunca deixaram de ser platônicas. Meto os pés pelas mãos. É até engraçado finalmente perceber isso. Mas o momento da descoberta foi muito estranho. Um susto. E o modo como analisei tudo me fez sentir que estou aprendendo alguma coisa quando sento na poltrona marrom. Em posse dessas novas informações (ainda surpreendentes para mim), pretendo não fazer mais confusão com a minha vida e estabelecer metas. Porque aquele gostar romântico que eu cresci acreditando não passa de uma viagem da minha mente. Uma de tantas. E entender isso só pode me ajudar. Aqueles sinais que eu pensava ser uma manifestação do destino não passavam de coincidências. Muito estranho me dar conta disso, finalmente. Parece que uma importante parte de mim se quebrou. Acabou de vez. Mas uma outra metade se revelou sem os delírios da imaginação e consigo imaginar o gostar sem perfeição. Um gostar que vem do acaso. Não estou dizendo que preciso aceitar

uma editora

Estou aqui, em mais uma fase de pura ansiedade, sem dormir direito, pensando em tudo o que aconteceu para eu chegar até esse momento em particular. Revendo fotos, relendo textos, relembrando histórias que agora pertencem ao passado. De verdade, tive um bom passado. Mas quero construir um futuro ainda melhor. Tão divertido quanto aquele carnaval interminável ou as noite de litrão. Foram muitas as fases, os amigos. Alguns sumiram e voltaram, outros simplesmente sumiram. Uns para pior e outros para melhor. Ainda assim, sinto falta de todos, em alguns momentos. Quando me lembro da vizinha que almoçava comigo aos domingos ou de quando aprendi a nadar. Lembro das paixões platônicas (e quantas foram) e como eu nunca consegui realizá-las. De como meti os pés pelas mãos quando deveria ter simplesmente seguido o curso da vida. Precisei errar muito para aprender. E ainda me pego cometendo os mesmos erros de vez em quando. A diferença é que hoje consigo perceber isso e tentar evitar ao máximo o so

o dia em que a Dani viu o Palmeiras jogar

Um carro com quatro palmeirenses fanáticos partiu no Norte do Paraná com destino a São Paulo numa sexta-feira quente de primavera para ver o Verdão jogar. Da turma, apenas a mais velha já tinha vivido a experiência adolescente de torcer como louca para um time que preenche o coração com pequenas alegrias esporádicas. Os outros três viveriam um jogo de futebol no estádio pela primeira vez e eram só ansiedade. Falamos o caminho inteiro. Cantamos, contamos piada, tomamos sorvete, comemos coxinha e bebemos coca-cola. Brincamos com os nomes das cidades enquanto enfrentávamos o trânsito da marginal, que nos deixou presos por mais de uma hora até chegarmos em casa. No meio do caminho, encontramos um trio palmeirense que nos acompanhou na empreitada, com tanta ansiedade e sorriso no rosto quanto nós. Dormimos para aguentar o sábado, que foi interminável. Eu e a Helô dividimos um colchão de ar que mais parecia uma cama elástica e rimos feito palhaças até pegar no sono. O sábado começou com uma

borboletas no estômago

Recebi uma notícia tão boa que ainda parece brincadeira. Uma felicidade tão esperada que parece mentira. Mas não é. E como poderei fazer parte, me sinto, mais do que tudo, honrada. Parece que estava adivinhando quando disse que é impossível não se emocionar com a paixão alheia. Até acho que estou exagerando, mas é que felicidade verdadeira quer mesmo é transbordar. Cada um recebeu a notícia de um jeito, o meu foi sentir uma dorzinha de barriga, mãos suadas e noite sem sono. Revirando na cama, imaginando como poderia tornar o acontecimento ainda melhor. Várias ideias têm passado pela minha cabeça desde a surpresa. Totalmente sem necessidade, eu sei, mas também não sei ser diferente. Só tenho certeza que estes próximos dias serão de pura ansiedade. Tantas mudanças de uma vez só, parece que vou explodir. Ainda bem que são boas notícias. E que não vou perder o acontecimento por nada. É sempre bom, e um privilégio, participar da felicidade de quem se ama. Amo você, querida, e te desejo uma

um sopro

A moça da poltrona marrom disse que todo mundo recebe um sopro divino quando nasce. E que ninguém consegue descobrir como ele é, ele é único e só nosso. Ela falou que nós entramos em contato com ele quando nos tornamos adultos. Quando descobrimos que temos o poder de tomar nossas próprias decisões e a capacidade de arcar com as consequências, seja lá quais forem. É quando tomamos as rédeas da nossa vida e seguimos adiante. Não tem a ver com corpo, com mente, com religião. Não é a beleza externa, mas a essência. Tem a ver com alma, unicidade. O que me diferencia de você e me torna única. O que te diferencia de mim e te torna especial. É meio um "comer, rezar, amar", que é diferente para cada um. E o caminho que cada um percorre para descobrir o tal sopro também é único e especial. Acho que pela primeira vez estou conhecendo o sopro de vida que nasceu comigo. E é realmente divino. Que bom que é incorruptível e que vou levá-lo comigo quando for.

smurfando

Levamos as crianças da contação de histórias ao cinema. Alguns pela primeira vez. E devo confessar que foi muito divertido. Assistimos os Smurfs. Uma versão muito moderna de um dos meus desenhos favoritos quando pequena. Como eu estudava a tarde, sempre levantava cedo para cantar Lala lalalala com os azuizinhos. Mas nesse filme tinha até smurf bipolar. Um pouco demais para o meu gosto. E aquela professorinha do Glee que era muito água com açúcar para o meu gosto. Ninguém é tão bonzinho assim. Ainda que com serezinhos fofos como os smurfs. Enfim, as crianças comeram pipoca, tomaram refri e até ganharam sorvete no final. E se comportaram muito bem. Nem parece que moram onde moram e que vivem uma realidade sofrida. Eram só sorrisos. E em alguns momentos até gargalhadas. Afinal, aquele Gargamel está muito bom na telona. Vendo as fotos que a Carol fez, senti uma alegria tão grande no peito. Uma sensação de bem. Por duas horinhas esquecemos nossos problemas e só pensamos em diversão. Uma div

coincidências

Quem vive a realidade não entende como alguém que vive dentro do próprio pensamento não acredita em coincidências e sim em obras do destino. Para o resto do mundo é fácil lidar com o inesperado, mas o sonhador perde a guarda. Fica sem saber o que fazer e quase sempre mete os pés pelas mãos. É a tal ansiedade combinada com uma dose de insegurança. Mas tudo bem, existe uma saída. Primeiro é fazer o teste da realidade, ainda que seja difícil, depois é entender sua própria personalidade e respeitar que algumas particularidades precisam ser mantidas para que você consiga funcionar. Dito isso, resolvi agrupar as coincidências que me aconteceram nos últimos dias em jogos de azar: duas apostas na Lotofácil, duas na Quina e uma na Mega. Os números do gato. E o resultado: nada. Mas como, se eu tenho sonhado com gatos quase sempre. Simplesmente uma coincidência, nada mais. Idealizar que só porque eu sonhei com gatos, vi um gato tentando comer uma pombinha no bosque e encontrei um cara gatinho no

resumo da festa

A noite de sábado foi uma daquelas inesquecíveis, mas da qual eu não consigo lembrar quase nada. Tenho flashbacks e ainda não sei como fiz algumas coisas, como dirigir para casa bêbada, de madrugada, e ainda estacionar o carro, de ré, sem bater nos carros vizinhos. Meu anjo da guarda deve ter dirigido para mim. Deve ter tirado minha roupa, minha lente e colocado meu pijama, porque eu não fiz nada disso. Deixei pen-drive para trás e apesar do frio cheguei em casa sem casaco e com algo inusitado na bolsa, um presente do Vini. Depois de ouvir que virei a garrafa de tequila no gargalo, entendi tudo o que aconteceu no dia seguinte. E mesmo tendo acordado com vontade de chorar, achando que tinha feito papel de boba (sempre sinto uma enorme culpa em ficar uma bêbada  chata), entendi que era isso mesmo que eu queria. Me divertir até não aguentar mais. Confesso que deveria ter bebido aquela Pepsi que eu levei, até para poder guardar os detalhes mais engraçados da festa, mas ainda assim, lembro

lições

Resolvi postar esses pensamentos que não são meus para me lembrar que eu já tenho tudo o que preciso e que é mesmo impossível resistir ao chocolate. Ah, e que posso ficar jogada no sofá vendo filmes o dia todo se sentir vontade e tiver disponibilidade. Mais cedo ou mais tarde deixarei de sentir pena de mim mesma. Mudarei a cor do cabelo, pintarei as unhas de vermelho e tocarei rock para animar a galera. Ah, e contarei histórias. Sempre!!! "Para celebrar o meu envelhecimento, certo dia eu escrevi as 45 lições que a vida me ensinou . É a coluna mais solicitada que eu já escrevi.", por Regina Brett, 90 anos. 1. A vida não é justa, mas ainda é boa. 2. Quando estiver em dúvida, dê somente o próximo passo, pequeno . 3. A vida é muito curta para desperdiçá-la odiando alguém. 4. Seu trabalho não cuidará de você quando você ficar doente. Seus amigos e familiares cuidarão. Permaneça em contato. 5. Pague mensalmente seus cartões de crédito. 6. Você não tem que ganhar todas as

bola pra frente

Sabe quando a gente tenta, tenta, tenta e não consegue. Fica aquela sensação de frustração terrível. Acho que a vida tá tentando me explicar, na marra, como lidar com os nãos, tão comuns na rotina. Tem hora que eu mesma me digo não, prevendo a negativa. Mas ultimamente, quando eu busco o sim, tenho só levado nãos então me sinto perdidinha. Visto o sorriso amarelo, tento me convencer que a tal hora vai chegar, como um pedaço de bolo melado, durmo uma noite bem dormida e começo de novo. Com todo o meu pessimismo, ainda consigo propor soluções para problemas que na verdade nem são só meus. Não tenho recebido reconhecimento em nada e ainda assim tenho que acreditar que dei meu melhor e aceitar a humanidade do outro. Ninguém é perfeito. Nem um pouquinho. Ninguém nem tenta, na verdade. E eu com a sensação de que não sei fazer outra coisa que não tentar ser perfeita. Frustração, me deixa em paz. Me da um tempo. Me dá um momento de mais pura felicidade inesperada. Me surpreenda com um carinho.

ele

Quando eu lembro de você, lembro do cara que preparava camarõezinhos de mexirica para as pequenas. Do cara que fazia massagens com gelol nas minhas pernas para aliviar as "dores do crescimento". Do cara que me ajudava a resolver equações às dez da noite, antes de ir dormir. Do cara que assistia Pantanal com a família, tomando café da noite. Do cara que fazia vitaminas para ver se as filhas comiam frutas. Do cara que colocava o boné, ajeitava as malas no carro e dirigia cinco horas seguidas para ver os irmãos. Do cara que fazia graça ao passar pela última lombada, na entrada da cidade: - Chegamos!, ele gritava. Quando eu lembro de você, lembro do cara com quem assisti a final do campeonato paulista de 1993. Quando vi o Verdão ser campeão sobre o Timão pela primeira vez. Quando me apaixonei por futebol e decidi que seria repórter de campo para entrevistar o Edmundo. Lembro do cara que me levou no Palestra pela primeira vez e fez questão de pagar uma numerada coberta para eu ve

tremendonas

Combinamos de ir todas juntas, num carro só. Com um visual jovem guarda para homenagear os velhos tempos. Não fomos juntas, enfrentamos um  labirinto para estacionar o carro, poeirão do galpão que armazenava café e breu ao entrar na festa. Ainda assim, dançamos ao som dos anos 60. Do amigo de fé e irmão camarada do rei. Relembramos sucessos que pertencem aos nossos pais e descobrimos que os clássico são, sim, de todos. Foi engraçado e brega e romântico e rock'n roll ao mesmo tempo. Foi um feriado dentro do Filo. Ou o Filo num feriado. Foi uma noitada entre amigos, uma brisa divertida numa semana curta para alguns e comprida para outros. Foi uma noite de namorados com rostos colados e professor de história imitando guitarristas em meio à multidão. Foi uma verdadeira experiência hippie no universo cultural da cidade que escolhemos para chamar de nossa. E que venham novas psicodelias. ***** Engraçado como o tempo tudo cura. De repente, tudo que um dia eu odiei, hoje faz sentido.

amici

Cada dia que passa eu percebo que minha vida significa as pessoas que fazem parte dela. Para o bem e para o mal. Minha vida não é minha. Não que eu não consiga decidir por mim mesma que rumo tomar, mas é que sempre vai ter alguém que influenciará minha opinião em algum assunto. Em todos os assuntos. Se algo dá errado no trabalho ou em casa. Se a balada foi boa. Se o domingo foi aconchegante. Tem sempre alguém lá comigo para dividir o momento. O bom e o ruim. Me dei conta que é impossível ser sozinho. Tem a mãe que liga para saber se tá tudo bem. Tem a prima cantando no quarto ao lado. Tem o pedreiro martelando na construção. Tem a síndica interfonando às 8h30 da manhã quando você foi dormir às 3. Tem a tia que faz bolinho de chuva num dia de sol. Sempre tem alguém. Mesmo longe, jogando conversa fiada na internet enquanto não acontece nada para movimentar a tarde de plantão. Tem alguém rondando o pensamento. Tem alguém na tv te fazendo rir ou chorar ou ensinando uma receita deliciosamen

ansiedade pré-60

E dai que eu no dia 23 de julho eu terei que entreter 90 pessoas durante o aniversário de 60 anos do meu pai. Quem mandou dizer que faria a seleção musical? Agora estou sofrendo por antecipação para escolher os hits. Só sei que tem que ter muita canção italiana e sucessos dos anos 60 e 70. De Elvis a Roberto Carlos. Mas como levar a festa até às cinco da manhã como manda o público? Afinal, os Guerin são conhecidos por serem os últimos a deixar qualquer festa. E numa festa de família não seria diferente. Tenho que pensar na trilha sonora do jantar (todo mundo reclama de barulheira, então tem que ser algo calminho, calminho). Tenho que animar a pista de dança sem apelar para Ivete Sangalo e Calipso. Funk nem pensar. Até porque nem tenho esse tipo de música na minha playlist. Sertanejo, só se for de raiz. Tô vendo que vou acabar tocando só o bom e velho rock'n roll e receberei vaias dos mais conservadores. E me pergunto: Por que fui inventar? Mas quer saber, esta tem sido uma das minh

chuva e neve

A caminho do trabalho, logo cedo, lembrei de quando afundei os pés na neve, caminhando até a estação de trem, em Nancy. Estava escuro e tinha nevado a noite inteira. Fazia um frio danado, mas eu estava radiante. Era delicioso afundar naquele mar branco. Hoje, fazia frio e garoava enquanto atravessava o bosque. De repente veio uma saudade. Iria para Paris no dia da neve. Atrapalhadamente sozinha. Oito anos depois, ainda me sinto atrapalhada e só. Mas orgulhosa das lembranças conquistadas com um pouco da coragem que só se tem aos 20 e poucos anos. E saudosa em sentir a neve esfriando os sapatos.

simplicidade e felicidade

E dai que passei uma semana me sentindo mal. Com as pessoas, comigo mesma, com as decisões erradas que tomei no passado e me atormentam até hoje, com o rumo da vida. Até voltei a coçar. Criei meu próprio provérbio: "Engulo sapos, logo coço". E divago. E fico com o coração apertado, remoendo a bendita vontade de que tudo seja perfeito. Desde as minhas relações com os outros, com as minhas decisões, com os rumos e, principalmente, comigo mesma. Todo dia acontece alguma coisa que me mostra como sou pequena diante do todo e gigante diante de mim mesma. E que meus problemas (pelo menos a maioria deles) é fruto da minha imaginativa imaginação. E dai que numa terça-feira dessas, mais especial porque era aniversário de uma pequenina que vira e mexe alegra meu dia, tive mais um dos maravilhosos insights que só o cotidiano pode nos mostrar. Para ser feliz, basta estar vivo. É piegas, mas é verdade. No meio de todas aquelas crianças descalças, sujinhas, semianalfabetas e até meio ríspid

um perdão

Eu te perdoo. Perdoo o dia em que falou mal da minha família pela primeira vez. Perdoo o dia em que falou mal dos meus amigos. Perdoo o dia em que me fez sentir insignificante. Perdoo o dia em que passou por cima de mim, como se eu fosse uma formiguinha. Perdoo teu abandono. Perdoo teu sumiço e tua falta de amor. Perdoo, assim, com o coração apertado, mas perdoo. Mas me perdoo também. Por ter acreditado em cada palavra, em cada sorriso, em cada guloseima, em cada sonho compartilhado. Eu me perdoo por ter fechado os olhos, por ter acreditado cegamente, por ter ouvido apenas um lado da história. Me perdoo por ter confiado, por ter comparado, por ter concordado com ideias absurdas para não me sentir sozinha. Me perdoo por trocar verdade por migalhas. Me perdoo por ter sido a melhor amiga que alguém poderia ser e ainda assim descobrir que tudo não passou de mentiras. Me perdoo por abandonar o barco antes que fosse tarde. Me perdoo por lembrar meus valores, os mesmos que aprendi com aquela

vida

Eu tô aqui sentada no meu sofazão confortável assistindo o Palmeiras na tv e comendo pedacinhos de um ovo de chocolate que ganhei dos meus pais. Tô de ressaca dessa Páscoa, que foi uma das melhores dos últimos tempos. Não me lembro de uma Páscoa tão boa desde quando me vi morando sozinha pela primeira vez e preparei um almoço de domingo no apê novo para as amigas. Fiquei orgulhosa de mim aquele dia. Pela primeira vez não senti tanta falta de estar em família e tive a sensação de que a vida se ajeitaria. Essa sensação de simples felicidade se repete hoje no meu peito. Trabalhei três dos quatro dias de feriado, dei o melhor de mim para que tudo desse certo no site e sai da redação com a sensação de dever cumprido e sem aquele ranso de que poderia estar fazendo qualquer outra coisa. Pratico a profissão que escolhi e isso é benção suficiente para agradecer. Tô me sentindo agradecida nos últimos dias, principalmente porque entendi que nossas escolhas fazem quem somos. Princípio básico, eu s

rotina

E dai que todo mundo tem uma rotina, um jeito particular de ser que acontece a todo segundo sem que a gente perceba que está agindo costumeiramente. Minha rotina é tão enraizada que quando percebo que estou repetindo o gesto de ontem tento fazer diferente. Mas amanhã eu esqueço e faço igual a anteontem e assim vai. Mudar a rotina não devia ser tão difícil. Significa permitir-se errar. Tomar o café antes de lavar o rosto. Arrumar a cama antes de escovar os dentes. Lavar o corpo antes de molhar o cabelo. Simplesmente acumular a roupa suja no cesto e deixar a poeira deitar e rolar nos móveis. Fazer o que tem que ser feito quando der na telha. Engraçado como ao escrever essas linhas tudo parece ridículo. A necessidade de tirar a roupa logo ao chegar em casa e colocar aquele short confortável. A necessidade de lavar a louça assim que termina de comer. E tantas outras necessidades que de imprescindíveis não têm nada. São apenas um modo de organizar a vida. Me pergunto se essa mania de anteci

caminhos

O sono voltou. Creio que é porque a Folhaweb finalmente entrou no ar e comparar os acessos e ler os comentários das matérias é muito mais inspirador que escrever para si mesmo. Tem também os abraços carinhosos dos pequenos da Galera. Cada terça tem sido uma surpresa. Outro dia, enquanto ouvia Alessandra contar que apanhava se não fosse vender "gominha" no Centro, Tamara me puxou de lado e disse, sem mais nem menos: "Eu vi meu pai matar meu avô". Com riqueza de detalhes num português bastante confuso ela narrou a lembrança, com algumas interrupções do irmão, que corrigia um ou outro detalhe. Mas o ônibus chegou e ela precisou correr para não perder a carona. E me deixou com meu espanto e meus pensamentos. Duas semanas depois, ao me ver, me abraçou e resolveu não soltar mais. Parecia até que pressentia que contaríamos sua história aos coleguinhas de Galera em mais uma oficina de leitura. Mas não contamos a trágica morte do avô paterno (sim, o pai dela matou o próprio

essa tal ansiedade

Então agora a ansiedade deu para aparecer no sono, ou melhor, nos sonhos. Não durmo mais aquele sono gostoso, de oito horas initerruptas. Sempre me antecipei ao despertador, mas ultimamente tenho me antecipado antes mesmo de pegar no sono. E os sonhos, esses estão cada vez mais confusos. A moça da poltrona marrom me disse que a doideira dos sonhos são meu inconsciente tentando resolver os problemas do dia a dia e que eu deveria aproveitar a minha capacidade de lembrar dos sonhos para tentar achar respostas aos meus questionamentos. Não sei se ela está só querendo me acalmar, mas eu não sei se consigo realmente aproveitar as horas de descanso para trabalhar o que acontece nas horas de sol. Me sinto cansada ao acordar. Sinto que ao invés de deixar as fantasias rolarem, estou apenas passando as horas até ter que acordar de novo, quando deveria simplesmente descansar. Nem as horas no sofá relaxam. Não sei o que é, mas continuo em busca. Meu coração está vazio. Ou cheio, não consegui decidi

noção de tempo

S e para você o tempo parece voar em certos momentos e simplesmente estacionar em outros, para mim ele representa as possibilidade vividas e as perdidas. Planejar sempre foi meu forte e viver a rotina, uma facilidade, quase uma paixão, ainda que costume sacudir um pouco as mesmices com mudanças repentinas. Mas prefiro mesmo o conforto de saber como será meu dia. Prefiro mas não desgosto de não saber. Às vezes é preciso não saber. Mas essa dúvida me incomoda, como aquela picada de pernilongo que não quer parar de coçar. Fico ansiosa com a sensação da espera. Sinto os pensamentos se formando, o sentimento de impotência crescendo, certificando que estou viva. Que penso, sinto, reajo aos acontecimentos. E à falta deles. Eu gosto de pensar que tenho o controle. É uma sensação libertadora poder decidir sobre o que fazer com o próprio tempo. Só que às vezes esse tempo é tamanho que eu gostaria de não precisar tomar decisões. Esse é o problema do excesso de opções oferecidas pelo tempo: você p

só um desabafo

Só preciso dizer algo antes de enveredar por mais uma noite londrinense: tenho medo de perder minha independência. Pronto, falei. De repente entendi o porque de tanto pavor em ficar só. Só não conseguia enxergar porque sempre achei que não sou independente coisa nenhuma. Dai descobri que sim, sou dona do meu nariz, e talvez não queira dividir o meu nariz com ninguém. Quer dizer, eu quero dividir, mas preciso aprender como fazer isso. Deu um aperto no peito descobrir tudo isso mas também foi um alívio. Significa que todos os debates filosóficos sobre a vida têm surtido resultado e que a tendência é ser mais feliz daqui pra frente. E bora pra balada de terça-feira. Meio sem forças físicas mas com o coração um tantinho mais calmo.

me salva do caos

O ano nem começou e já estou fazendo contas. Me preparando para pagar impostos pelos próximos seis meses. Se não tivesse resolvido comprar um notebook e um sofá novo conseguiria pagar tudo à vista, mas escolhi o conforto, então a conta corrente está sempre vazia. Quase nunca no vermelho porque a poupancinha mixuruca ajuda, mas tô com um dó de me desfazer dos míseros reais que ainda me restam na conta poupança. Não sei, a sensação de ter três dígitos guardados e que não rendem absolutamente nada ao mês me dá a sensação de segurança. Vai entender. Enquanto isso, me dizem que eu vivo a família dos outros. Será mesmo? Não parei de me perguntar até sentar novamente na poltrona marrom e ouvir a explicação. Adorei saber que não é bem assim. Que por ser livre e desimpedida (leia-se jovem, bonita, independente, dona do próprio nariz etc e tal) posso fazer o que quiser da minha doce vida. Transitar por ambientes diversos e ter os mais diferentes amigos sem precisar me preocupar em agradar ningué