vida sem filtro

Eu senti um aperto no peito ao receber uma notícia bem triste no segundo dia do ano. Foram dias de aperto no peito. O aperto passou, mas deixou uma certeza: é preciso estar perto de quem se ama. Decidi fazer todos os tipos de sacrifício para ficar com que eu amo. Ainda que dê preguiça de vez em quando. Ainda que o sofá e a tevê pareçam mais convidativos. Ainda que a mãe insista em ficar brava por motivos irracionais. Ainda que ela me faça chorar depois de mais de um dia sem dormir. Eu quero estar perto de quem eu amo porque é desse amor que me alimento. É esse carinho que me faz ter vontade de seguir em frente. Eu preciso ser mais paciente, menos reclamona, mais sorridente, mais positiva. Desses pequenos momentos ao lado de quem me ama incondicionalmente eu conseguirei o combustível para acreditar que posso ser uma pessoa melhor. Não perfeita, melhor. Ao receber outra notícia bem triste e descobrir que quem eu amo está mais próximo de mim do que eu poderia imaginar, tive a certeza de que os amigos são a família que escolhemos. Família, essa palavra que representa tanta coisa. É para ela que corremos quando a vida fica difícil. E foi para a nossa família que o amigo correu quando sua vida ficou mais triste. Estávamos lá, ao seu redor, cuidando dele da melhor maneira que sabemos, e me senti especial. Nunca tinha vivenciado tamanha amostra de amizade e senti que posso contar com esta minha família escolhida sempre que precisar. E vice-versa. Claro que a dor estará lá e nada podemos fazer para livrá-lo deste sentimento, mas um simples olhar, um abraço, um toque no ombro aliviam. Dão a sensação de que não se está sozinho neste mundo maluco. Uma amiga disse que a vida adulta é muito dura com a gente. É duríssima. E quase sempre tenho vontade de fugir. Mas sempre que enfrento os problemas, a sensação que fica depois é de dever cumprido. Seja o resultado positivo ou negativo. O enfrentamento me dá coragem para seguir acreditando em mim. E não preciso estar certa, só preciso vivenciar e aprender. Tem horas que cansa aprender, tem horas que é melhor deixar o outro resolver a situação por você, mas isso nunca termina bem. Não viemos para esse mundo para sermos perfeitos, para fazer com que todo mundo goste da gente. Viemos para cá para sofrer e crescer com a dor e tentar se colocar no lugar do outro e tentar praticar o bem sempre que possível. Não me entenda mal, essa é nossa maior missão e também a mais difícil. Não estamos aqui para juntar dinheiro, acumular bens, estamos aqui para praticar o amor. Ainda que seja complicado. Mas para mim, o amor está também em deixar partir. Em entender que mesmo tendo feito o impossível, aquela situação era irreversível. Se perdoar pelas mancadas e acreditar no bem. Porque ninguém pratica o mal deliberadamente. Eu tento pensar positivo sempre, ainda que o medo me domine em alguns momentos. E mesmo prestes a tomar mais uma rasteira do universo adulto, só sei que quero mais amor verdadeiro em minha vida. Um amor correspondido. Amizades naturais, que me fazem sentir a melhor pessoa do mundo e que eu não precise mudar para que gostem de mim. E isso não significa ser amiga de todo mundo. Todos temos defeitos. Inúmeros. E esses defeitos também nos fazem interessantes. Nos fazem únicos e tão amáveis quando as qualidades. Quem sabe transformar os defeitos do outro em qualidades é mais feliz e espalha felicidade por onde passa. Isso é um tanto utópico, eu sei bem, mas é o que desejo para mim. 

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