sem noção

Não faço a menor ideia do que estou fazendo com a minha vida. Sei que tenho alguns sonhos bobos que um dia gostaria de realizar, e que a vida está ai para ser enfrentada, dia a dia, mas ainda assim, gostaria de ter algumas certezas. Na verdade, até sei o que não quero mais para mim. E que algumas vontades são muito difíceis de realizar. Mas normalmente me sinto perdida em mim mesma, tentando acertar a todo momento. Hoje estou de folga, para curtir minha mãe, que completa 59 anos amanhã. Mas acordei às sete da manhã com mensagens das colegas de universidade me perguntando sobre trabalhos da faculdade. Não dormi mais, fiquei matutando como resolver a situação e passei o dia na internet, terminando os trabalhos ao lado da colega que também estava de folga, mas não conseguiu folgar porque carrega um senso de responsabilidade tão grande quanto o meu. Onde iremos parar, eu e ela, me pergunto. Nos preocupando com quem nem sabe que existimos. Ou será que no fundo estamos nos preocupando é com nós mesmas, porque queremos uma boa nota, afinal de contas. Não sei ao certo. Não sei se somos radicais demais, ou se deveríamos curtir mais, nos lembrar do porque iniciamos este curso de gastronomia, mergulhar nas receitas e sabores e conhecimento dos professores e deixar toda a burocracia das normas da ABNT, os slides e os seminários em segundo plano. Isso tudo, aliado à minha incapacidade de me relacionar calmamente com as pessoas, me causou uma gastrite e contribuiu para que meu estômago reclamasse o pouco tempo que dedico à minha saúde. Culpa minha. Ao invés de dormir e ver programas culinários na tevê, deveria fazer caminhadas. Trocar o hambúrguer gourmet, a batata frita e a coca-cola por água de coco. Tão difícil quanto decidir que rumo tomar. Agora só sei que vou seguir sendo quem sou, honrando os valores ensinados por meus pais, de trabalho e respeito ao próximo antes de tudo. E respeito a mim também, às minhas escolhas e oportunidades - perdidas ou não - à minha capacidade de superar os medos e dificuldades e simplesmente seguir, mesmo mal-humorada de vez em quando. Sei que se acreditarmos e praticarmos o bem, coisas boas acontecem. Sei que vou reclamar muito, mas sei que posso tolerar tudo isso sem jogar os ressentimentos no estômago. Eu estou aprendendo que conquistei os amigos que tenho sendo eu mesma, neuras e tudo. E não preciso conquistar - ou agradar - todo mundo. Mas também aprendi, a duras penas, que em qualquer relacionamento precisa haver troca, se não não é relacionamento. São apenas duas pessoas dividindo o tempo enquanto não aparece coisa melhor para fazer. E se for em total silêncio, incomoda muito mais. É tal máxima de estar só na multidão. Dói. Por isso acredito que trocar é imprescindível para sermos verdadeiramente felizes. 

Separação

Doze anos atrás estava na Itália, perseguindo um velho sonho, quando vi o PT subir a rampa do Palácio do Planalto pela primeira vez. Meu coração encheu de orgulho pela mudança que o Lula presidente faria no meu país. Não votei naquela eleição porque estava me conhecendo pelas ruas de Florença. E como assim que voltei para casa me mudei para Londrina e não transferi meu título de eleitora logo, não me lembro ao certo de quais eleições participei. Também não votei neste segundo turno pois finalmente transferi o título para o Paraná e justamente no domingo não estava em Londrina. Sou uma pessoa apolítica e mal sei sobre o que falo normalmente, mas vendo tanta indignação de diferentes amigos da rede social, creio que aprendi a pensar por mim mesma e não concordar nem discordar, apenas respeitar. Não sei o que vai acontecer com o país nos próximos quatro anos. Pode ser que nada mude efetivamente. Pode ser que melhore para muita gente, como já melhorou, e que a minha vida continue a mesma. Ou pode tudo mudar - para melhor, espero. Mas nada de nos separarmos. Nossa alma está lá guardada na generosidade das praias nordestinas e vez ou outra precisamos colocar nossos pés naquela areia e banharmos nossos corpos naquelas águas para lembrarmos quem realmente somos. Um só povo, lutador e carinhoso, que não desiste, ainda que alguns poucos queiram sempre nos provar o contrário. Vale lembrar que eles são pouco e nós, muitos. Sete a um no campo de futebol não dói tanto quanto ouvir que um brasileiro é melhor que outro porque mora mais ao sul do país. Prefiro lembrar que somos todos feitos em qualidades e defeitos e hora ou outra vamos todos errar. Assim como acertamos muitas vezes também. 

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