buendía


"Boa parte da vida passamos coletando pedaços de nós, até nos sentirmos mais completos."
Hoje dou mais um passo. Gigante. Daqueles que dá um frio na barriga. A última vez que senti esse friozinho tinha 22 anos, uma mala cheia de roupas - e sonhos - e uma vaga de repórter me esperando no jornal que já foi o quinto maior do País. Dois anos depois de formada. Tive as primas que me acolheram, uma de cada vez, e me ajudaram a aprender a viver sem colo de mãe e pai. Essa parte foi fácil porque sempre fomos como irmãs. Aplacou o medo. Mas todo o resto deu trabalho. Foi quase uma década de reportagem até a primeira promoção. Muito aprendizado. Diário. Principalmente sobre minhas fragilidades e capacidades. Foram mais uns cinco anos editando e liderando equipes das mais diversas. Muita ansiedade. Escrevendo sobre assuntos desconhecidos, num meio machista. Um desafio que me levou ao outro lado do mundo, olha que privilégio. Me fez subir montanhas de gelo. E me ajudou a criar coragem para mudar. Destinar parte do salário para pagar uma nova faculdade me fez sentir adulta. Me fez surtar também. Me fez olhar para dentro pela segunda vez. Com mais calma. E um tanto medicada. E me fez escolher de forma mais racional, apesar de parecer que meu lado sagitariano prevalecesse sempre. A vantagem de ser louca - se é que existe alguma - é concretizar sonhos, mesmo que eles se mostrem errados com o tempo. Mas será que há erro em sonhar? Sabe aquela sensação de "e se"? Eu tenho colocado ela à prova constantemente - profissionalmente falando - e depois que entendi que é errando que se aprende e que é preciso agir e não apenas imaginar, muitas coisas legais me aconteceram fora do ambiente de trabalho. Como o primeiro pacote de alfajorzinho vendido. A primeira feirinha. A segunda sócia. A primeira cozinha industrial. Dar um passo para trás e trocar tudo pela cozinha de casa. Fazer tudo sozinha. O primeiro Whatsapp da primeira lista de transmissão. As parcerias com os primos. A primeira oficina de bolachinhas. As pessoas queridas que encontrei no caminho. A racionalidade para querer um novo negócio. E hoje o novo negócio toma forma. Com endereço próprio e potencial para deixar me levar pela imaginação para construir novos sonhos. Dezesseis anos na cidade de pé vermelho: cheguei foca e hoje estou dona de cafeteria. Buendía Café. Como a família de Macondo que viveu cem anos de solidão. Como um simples bom dia que começa com pingado e pão na chapa com manteiga. Então te espero lá para um espresso. Ou um pingado se preferir. Te espero com cookies e malozinhas. E com muita esperança também! Porque estamos sempre coletando pedaços de nós.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

quase morri atropelada

voz

45 do primeiro tempo