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Mostrando postagens de novembro, 2024

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Minha vó chora quase todo dia. Devem ser os quase 92 anos. Seu corpo dói o tempo todo. Sua mente distorce. Ela reclama, amaldiçoa. Depois esquece tudo e dança. Ela chama a atenção dizendo que não tem fome, que está com frio, com dor, que não quer mais viver, que não sabe o que está fazendo aqui, que a filha a abandonou, que reza para Deus a levar embora enquanto dorme.  Nós escutamos tudo isso sempre que estamos juntos. E doemos junto. Meus pais doem diariamente porque há dois anos se responsabilizam pelo cuidado com a vó. E há dois anos escutam a mesma ladainha, que ela insiste que não faz. "Velho perde a validade", ela esbraveja. A última cena aconteceu enquanto eu estava lá com eles, pelo aniversário da minha mãe. Fiquei uma semana. Uma única semana. E sai de lá pesada como se estivesse carregando uma montanha nas costas. Vim embora pensando nos meus pais, em especial, na minha mãe.  Ela se dedica 24 horas à vó e nos poucos momentos de respiro que se permite, está conectad