as pequenas felicidades diárias

Li uma mensagem aleatória numa rede social que dizia: devemos agradecer às pequenas felicidades diárias. E fiquei com essas palavras na cabeça.

Fui resolver pendências de trabalho, pendurei roupa no varal, almocei, cochilei, trabalhei mais um pouco, lavei a louça do almoço, segui trabalhado e agora me vejo em frente ao computador querendo escrever sobre "as pequenas felicidades diárias".

Hoje foi dançar Sevillana em roda e ver a felicidade da professora quando terminamos de bailar a Farruca lindamente.

Ontem foi conseguir divulgar um evento do cliente, que já rendeu uma entrevista na rádio local. 

Anteontem foi passar o dia com a irmã e os primos, comendo comidas gostosas e conversando sobre a vida.

No sábado foi passar horas zapeando o aparelhinho pirata ao lado do melhor amigo para tentar escolher um filme e acabar vendo o Acústico MTV do Legião Urbana. 

Na sexta foi chegar em casa depois de um dia inteiro dentro de um ônibus. Tomei banho, desfiz a mala, abri uma cerveja, montei uma tábua de frios e vi mais um capítulo da série napolitana antes de cair no sono.

Na quinta passei o dia com os amigos: tomamos café da manhã juntos, depois fomos ao cartório e almoçamos um PF no Centro de São Paulo. O amigo foi trabalhar e eu acompanhei a amiga à cabeleireira, não sem antes degustarmos um espressinho e um pudim de leite no Copan. Pouco mais de 15 minutos depois já estávamos indo para casa nos arrumar para o show da minha banda favorita aos 25 anos. Pulei, gritei e chorei pela terceira vez cantando meus indies favoritos ao lado da amiga generosa que não solta da minha mão há 21 anos.

Se eu seguir escrevendo a retrospectiva dos dias, descobrirei o que de melhor aconteceu durante as semanas e ao final, terei um balanço positivo do ano.

Tenho certeza de que nem me lembrarei por que me senti tão triste naquela segunda-feira aleatória ou por que troquei o flamenco pelo cobertor quentinho numa terça de chuva ou por que chorei tanto de raiva quando o novo velho carro insistiu em não querer dar partida pela manhã depois de várias idas à oficina. 

Nem vou lembrar da noite que acordei com a sala inundada, achando que estava em surto. Mas vou sorrir ao recordar do dia em que meu pai comemorou seu aniversário ao lado dos irmãos no sítio ou do sábado em que fui ao teatro com minha mãe ver uma peça sobre o Elvis. 

Tiveram aquelas miniférias de junho, quando vivi a catarse de ouvir o Interpol pela terceira vez ao vivo. Dessa vez, sozinha. E chorei ao ver a Marília Gabriela escancarar seu relacionamento com o filho caçula no teatro ao lado da prima querida. 

Olhar para o "copo meio cheio" de "pequenas felicidades diárias" me parece um movimento lindamente otimista para deixar o dia a dia mais alegre. 

Minha agenda de 2024 com temática mágica traz a promessa: "viva o que ainda não foi escrito", que eu leio todo dia ao sentar na escrivaninha. E esse ano aprendi tanta coisa: escrevi roteiros de podcasts, organizei lives, fui para a frente das câmeras entrevistar médicos sobre assuntos polêmicos, editei vídeos, produzi artes para posts, escrevi um discurso, mas o ápice foi aprender todos os passos da Farruca. Um sonho flamenco realizado.

Enquanto escrevo mais essa crônica, faço uma promessa a mim mesma de seguir pensando nas coisas boas e bobas de cada dia, como mandar memes no grupo de amigos ou receber o buongiorno diário do pai. Até as lágrimas cansadas da vó nas chamadas de vídeo se transformam em alento quando eu penso que em alguns segundos ela esquece a saudade e dança.

Esse deve ser o segredo, afinal: sentir a tristeza quando ela vem, esquecer dela por um segundo e, então, finalmente deixá-la ir, para poder seguir os passos que a vida coreografa para a gente todo dia.

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