JJ

Ele se chama José Joaquim, tem 60 anos e há 29 trabalha como detonador. No meio do mato, no interiorzão brasileiro. Passa dois meses no serviço e 20 dias com a família, na praia de Atalaia, em Aracaju. O conheci outro dia, por acaso. Na verdade eu o estava procurando, mas ele nem imaginava. O encontrei depois de quase quatro horas de viagem e 20 quilômetros de estrada de chão, cheia de pó e obstáculos pelo caminho. O carro balançou e meu estômago também. Mas foi divertido. Entendi como um milagre ter encontrado JJ depois de tanta confusão. E ele foi tão simpático que salvou meu dia. Como John e Renato já fizeram outras tantas  vezes. A simplicidade cativante do José não só colocou um sorriso no meu rosto como me fez adentrar numa mata em pleno dia de trabalho, no sol quente das 4 da tarde. Me levou a uma fazenda onde senti a terra tremer literalmente. Onde assisti uma revoada de pássaros e me despedi dele com o coração mais leve: podemos sim sentir orgulho da profissão que paga nossas contas, do nosso empenho diário em fazer a diferença ainda que ninguém saiba que estamos lá. Podemos ser educados com o trio estranho que chega disparando perguntas sem sequer se apresentar. Podemos permitir que o fotógrafo capture as imagens repetidas da rotina que nos torna personagens principais de uma história interessante para tantos na edição do jornal do dia seguinte, ainda que sejamos os personagens principais da nossa própria história, escondida na mesmice cotidiana. JJ me ensinou a despir a opinião de preconceito e encarar o outro de igual para igual, afinal, todos buscamos a felicidade: ele dançando forró na praia de Atalaia, eu assistindo o sol se por no bosque, em Londrina, espreguiçando no sofá.

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