Nostalgia

Já aprendi que a saudade vai me acompanhar para toda a vida mas ainda assim sinto um aperto no peito quando ela decide bater forte no ventrículo esquerdo. Aconteceram tantas coisas desde que decidi seguir pelas minhas próprias pernas. Já me tornei diversas Marianas, umas muito interessantes, outras nem tanto e hoje não sei mais quem sou. Ou melhor, que tipo de pessoa quero ser. Porque acho que chega um momento na vida em que a gente se pergunta se o que fizemos até aqui é certo o suficiente para nós a ponto de querermos continuar. Sei de pessoas que têm a plena certeza de quem são e até cheguei a admirá-las um dia, mas hoje sei que tudo não passa de mentira. Ninguém pode se sentir feliz o tempo todo. Isso é conformismo e não quero isso para mim. Não quero ter certezas, mas não quero viver pulando de galho em galho. É, é mesmo complicado. Só sei que decidi abandonar o óbvio. Se antes queria que me reconhecessem por determinada característica, hoje quero que saibam que posso me moldar à situação, pesando prós e contras, fazendo minha própria avaliação e agindo conforme meu coração e minha razão desejam. Vivi no escuro da minha própria mente até agora e não me levou a nada. Os únicos momentos em que fui realmente feliz foram aqueles em que fui pega de surpresa pela vida. E naqueles em que parecia estar cometendo o maior erro do mundo, quando, na verdade, estava apenas vivendo. Errando tentanto acertar. Acertando sem querer. Aproveitando as poucas oportunidades que consegui vislumbrar. Sei que elas estão sempre ai, mas nem sempre meus olhos estiveram abertos para elas. Enquanto vivia pensando machuquei muita gente sem perceber. Disse coisas terríveis, tomei atitudes horrendas, simplesmente porque achava que o outro sabia ler pensamentos. Não, ninguém tem esse poder. A não ser as mães que conhecem realmente os filhos e antecipam suas ações antes mesmo deles se darem conta do que estão fazendo. Mas apenas elas, mas não sei por que. Acho que é porque nos carregaram dentro de si e nos deram a luz, sei lá. Clichê. Mas um clichê do qual não quero me desapegar. Minha mãe me ensinou tanto e em todos esses anos a verdade é que eu nunca quis aprender. Só agora entendi que ela sempre tentou acertar, mesmo quando errou feio. Outro clichê. E eu sempre pensando que também estava errando tentando acertar quando estava só errando. Me escondendo atrás do medo. Meu maior inimigo. Só que ao prestar atenção, bem de perto, percebi que minha maior inimiga sou eu mesma. E só eu tenho a chave da felicidade. E mesmo soando óbvia (ainda que não queira ser em todos os momentos), vou precisar aceitar mais esse clichê se quiser sair da minha fantasia e viver no mundo real.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

quase morri atropelada

voz

45 do primeiro tempo