recomeço

Este ano foi tão estranho que ao chegar ao final tenho a sensação de que o aprendizado foi maior do que a diversão. Cansei tanto da mesmice que fiquei com alergia de mim mesma: manchas vermelhas aparecendo pelo corpo todo, coçando como mordida de pernilongo e me fazendo tomar remédio que dá sono em pleno dia de confraternização. É, 2010 foi assim, nada como 2009 ou 2008 ou 2007 ou 2006 ou 2005 ou 2004 ou 2003 quando cheguei em Londrina. Nos meus sete anos de Paraná sempre tive coisas boas para contar de mim mesma, e esse ano não foi diferente, mas meu orgulho pessoal tem mais a ver com a busca de mim mesma e me permitir alguns luxos do que com os ensinamentos dos amigos. Nos outros anos minhas histórias sempre envolveram a família que conquistei ou a meus pais, minha irmã e meus avós. Pouco destaquei a minha influência em todo mundo e esse ano, finalmente, aprendi que crescer dói, o preço é caro, às vezes solitário, mas vale a pena. Nada melhor do que poder se dar conta de que a vida é essa, sem tirar nem por. E que ela não é perfeita, nunca foi nem nunca será, mas é feliz. Apesar dos tropeços. Porque tem sempre uma mão amiga a te levantar. Deixe pra lá quem te derruba, vista o sorriso, erga a cabeça e continue errando, porque errar é ótimo. Gastar os tubos em superficialidades é libertador, ir a shows inesquecíveis, ter dor nas costas de tanto ficar em pé a espera da banda favorita ao lado da melhor amiga é mostra de carinho, beber tequila, ganhar brigadeiro, dançar na chuva, cantar no Natal. Tudo foi impagável em 2010. Só as contas que não, essas foram liquidadas pela minha porção responsável e perfeccionista e agora só posso apagar o passado, deixá-lo lá no limbo ao qual ele pertence e virar a página. Sorrir para a vida que me ensina a cada segundo, sorrir para os meus pais que são tão queridos, para minha irmã tão longe e tão perto, para a avó que não sorri mais e até para os tios chorões. 2010 fez muita gente derramar lágrimas perto de mim, talvez um saudosismo, uma saudade. Sorrir para os amigos que foram viver suas vidas longe, para os que voltaram e para os que nunca saem de dentro do peito. Sorrir e ser leve e abraçar a oportunidade divina de experimentaa o que esse mundo tem a nos oferecer. Mesmo com alergia e tristezas doloridas, 2010 me ensinou que sou melhor do que imaginava e evolui. Como cantou mestre Paul: "Let it be".

Comentários

  1. Orgulhosa de te ler dizendo que a vida não é perfeita, nunca foi, nem nunca será, mas é feliz. É isso aí! E que venha 2011! Beijos

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