algumas alegrias

Me disseram que eu devia escrever um blog que contasse minhas trapalhadas, que é isso que as pessoas gostam de ler etc. Por vezes me perguntei o porque de escrever para os outros. Por que desenhar palavras só para mim não é suficiente? Neste milênio maluco em que vivemos, em que vale mais postar fotos coloridas e felizes numa rede social qualquer, postar todo e qualquer pensamento, se fazer presente ainda que esteja a léguas de distância, me parece esquisito manter um diário, uma agenda, que seja. Mais "normal" é desabafar para o mundo. De repente vai que ele ouve e estende a mão, faz um cafuné. Vai que. E não é que minha vida seja só conversa na poltrona marrom. Pelo contrário, ela é tudo menos os 60 minutos que passo lá sentada. Ainda assim, é exatamente nesta uma horinha semanal que eu entendo as minhas babaquices e admito as minhas falhas e fico frente a frente com o medo. Seria muito legal chegar aqui dizendo que tomei duas cervejas ontem à noite com as amigas e que cheguei em casa alegrinha. Que acordei antes da hora, já sem sono, e fiquei ouvindo Adele pelo novo celular, deitada na cama, com o ventilador ligado, porque o verão finalmente chegou em terras vermelhas. Seria muito melhor contar que me deu vontade de ouvir Strokes e postar um clipe deles para cada amigo no Face. Uma vontade assim meio boba de dedicar canções para os queridos num sábado nublado e quente. Seria divertidíssimo escrever sobre a festa da amiga que acaba de completar 30, sobre como fui uma das primeiras a chegar e driblei a timidez falando sobre o meu óculos de sol modelo Restart que eu comprei nas últimas férias em Campos. De como eu achei que estava arrasando e descobri que a molecada toda usava esses óculos coloridos. E de como o garoto da festa me disse que sentia o mesmo pelo óculos igualzinho ao meu que ele comprou e decidiu jogar fora. Ele não aguentou ser Restart, nem por alguns minutos. Já eu, devo admitir, adoro meu óculos, que por sinal, se parece com o óculos que a Pati ganhou de inimigo secreto. Imagine a cena: eu com meu óculos vermelho com quadradinhos pretos e ela com o óculos vermelho com quadradinhos brancos, duas mulheres de trinta, indo tomar café numa tarde dessas. E por café entenda-se comer cupcackes. Pois bem, de repente esse modelo Restart nem é tão adolescente assim. Precisa-se de personalidade para usá-lo e acho que tenho um pouquinho disso ai, afinal de contas. Bom, seria muito divertido escrever sobre a amiga que bebeu um licorzinho de ervas numa noite dessas e quebrou um copo, com coca-cola, na balada. E que esse pequeno desastre salvou a noite do carinha que passou o tempo todo paquerando a tal e só precisava de uma desculpa para finalmente falar com ela. E que a outra amiga chegou nesse mesmo bar louca por um doce e superou a falta de sorvete com uma cerveja e um papo com o amigo do carinha que aproveitou o copo quebrado para conquistar a amiga dela. Tudo seria muito mais azul se eu contasse que, cansada depois de passar oito horas na frente do computador, comi pedacinhos de pizza molhados de chuva e falei sobre seriados de tv e a vontade de ir para o Rio de Janeiro num fim de semana desses. É seria realmente divertido falar apenas das pequenas felicidades e não de medo o tempo todo. É, quem sabe se eu começar a falar de alegria, eu sinta a tal leveza que tantos falam. É, quem sabe...

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