família

Que saudade me deu da minha família, de repente. Dos domingos tranquilos, cada um no seu canto e ainda assim junto. Minha mãe fazendo almoço, eu e meu pai vendo futebol italiano na tv, a Na dormindo. A gente almoçava cedo. Meio-dia e meio já tava todo mundo pronto para passar a tarde dormindo. Minha mãe tomando conta do seu lugar no sofá, meu pai seguindo o chamado da cama, a Na ainda dormindo e eu vendo tv com a minha mãe. Eu assistindo e ela dormindo. E assim que eu mudava de canal, ela acordava e reclamava. Quatro da tarde e o meu pai acordava para ver mais futebol. Se eu estivesse inspirada, ia para o quarto ver o Verdão com ele. Se não estivesse passando o Parmera, a gente assistia o jogo da vez e ouvia o Palmeiras pelo rádio. Se meu espírito não estivesse tão futebolístico eu permanecia na sala, vendo seriados na tv com a minha mãe até a hora da janta. Normalmente depois de acabar o jogo, meu pai tomava banho e vinha pedir comida. Só ele jantava o que restava do almoço. As meninas preparavam qualquer coisa. Meu pai ficava um pouco com a gente e lá pelas dez ia dormir para começar a semana. A gente ficava na tv até o sono vir. Não tinha muita conversa. Era o básico: bom dia; vem almoçar; que que é isso que você tá comendo ai?; cadê a Natalia?; deixa no canal que eu tô assistindo; você tá é dormindo; bem, que que tem de janta?; vocês não vão comer?; bom, eu vou indo, boa noite; dá um beijinho na mamãe etc. A Na podia passar o dia sem sair do quarto e sem falar com ninguém, ainda que meu pai insistisse. Pela manhã ou no final da tarde minha vó ligava para saber se tava tudo bem. E era isso. Nove horas o capítulo inédito do seriado começava e meu pai até assistia um pouquinho antes de ir dormir. Assim acabava o domingo. Nada demais mesmo. Mas é que me deu uma saudade. Uma vontade de não fazer nada junto. Faz tanto tempo que os quatro não ficam juntos e acho que isso nem vai mais acontecer, já que temos uma gata e um genro novos. Mas é reconfortante lembrar desses domingos e imaginá-los encaixados na rotina de hoje. Se eu soubesse que aquele domingo, seja qual for, seria o último, teria aproveitado mais. Mas a gente nunca sabe e por isso o último é sempre grandioso e saudoso. Como a minha família. 

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