realidade

Fui a um revival. Num bar onde há anos não colocava o pé. E ao invés de ficar recordando o passado, dei risada do presente. Quer dizer, lembrei de quando tomei algumas cervejas lá com os novos amigos que havia feito naquele primeiro ano de Londrina. Mas foi só. Ao final da festa e depois de muitas cervejas, no nono ano de Londrina, descemos a São Paulo rumo à barraca de pastel. Paradas inesperadas nos sinaleiros para imitar os Beatles em Abbey Road ou atender um telefonema na cabine londrina da praça. Fotos na madrugada gelada. Me pareceu brega no início mas a tal câmera na balada se mostrou mais divertida do que eu pensava. Mais uma para eu aprender. Na feira, depois de darmos a primeira mordida no pastel, presenciamos a briga mais estúpida de todos os tempos: um nervosinho acusando um carinha de ter tirado a maionese da mão dele enquanto ele ainda estava recheando o pastel com a meleca. Em meio a empurrões, bem fracos diga-se de passagem, o nervoso foi embora com um amigo grandão enquanto o carinha conversava com a namorada, sem entender bem o que tinha acabado de acontecer. Tão surreal quanto uma barraca de pastel aceitar cartão. Subimos a São Paulo. Mais poses em frente ao prédio e o casal amigo entrou no táxi. Mais uma noite de diversão na cidade. Abri a porta de casa, corri para o pijama e me preparei para dormir o sono dos justos que trabalharam o feriado prolongado inteiro. E como fazia frio na hora de escovar o dente. Foram necessários dois cobertores e um edredom para deixar de bater os dentes. Lá no bar, durante o papo, entre uma música dos anos 90 e outra, falamos de realidade. De como cada um encara a sua própria realidade diferente do outro. Depois que a bebedeira passou, entendi que a minha vida é essa ai e só posso ir em frente. Sou solteira, sim, aos 31 anos. Sou gordinha, míope e sempre ando com a cabeça baixa. Sou jornalista há 11 anos, já fui indicada a um prêmio por um texto sobre tratores antigos e há um ano e meio travo uma batalha diária com a internet. Há sete meses, me tornei editora de um site no qual penso em quase todos os minutos do meu dia, ainda que não saiba muito bem por que. Na nova função, precisei aprender a liderar pessoas muito diferentes de mim e diferentes entre si e essa tem sido a minha verdadeira batalha: aprender a aceitar o outro como ele realmente é. Sou perfeccionista, preciso de aprovação alheia para tomar decisões, tenho medo de dizer o que precisa ser dito na hora que precisa ser dito e não confio muito no meu taco. Mas apesar de parecer egocêntrica e achar que o mundo inteiro está vigiando cada passo meu, gosto de ajudar o próximo quando consigo, gosto de estar ao lado dos amigos sempre que preciso, me preocupo constantemente com a minha família, ainda que eles não precisem de mim tanto quanto eu acho que preciso deles. Sou organizada, responsável, competente. Sou divertida e atenciosa. Gosto de agradar, de cuidar, mas tenho vergonha de elogios. Tenho um amor imenso no meu peito. E já encontrei alguns outros corações para dividí-lo mas sei que ainda faltam muitos outros a conquistar.  

Comentários

  1. Mari, gostei demais deste texto -desabafo autobiografico. Gosto de gente "diferente" fora dos padrões globais. Quero conhecer o site em que trabalha e peço-te uma visitinha ao meu blog-jornal(só repasso materias!)"Amigos da Agroeocologia" http://agroecologiace.blogspot.com
    Se quiser participar enviando algum texto,imagem, musica, por favor fique a vontade . Só não posso pagar, mas posso divulgar gente e informação de boa qualidade... não sou jornalista. Formei-me em Música e atualmente estudo Agronomia na UFC. Tudo de bom."Tô de olho em você" rsrsrsrsr

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