'transformando lealdade em padrão'
Ser torcedor de futebol é um sofrimento só. É noite sem dormir antes da partida decisiva, é desespero quando o time adversário faz um gol, é choro se o time perde. Cair para a segunda divisão, então, é indescritível. É tão indescritível quanto comemorar o título da segundona e o retorno à elite. Ser tocerdor é se preocupar com a gozação do amigo no dia seguinte. É imaginar piadinhas e tentar não se incomodar com as tiradas dos rivais. É levar na esportiva. Ser torcedor é simplesmente amar algo tão inexplicável quanto um grupo de 11 caras desconhecidos correndo atrás de uma bola, ora defendendo uma esquadra, ora outra, assim como você, que ora trabalha numa empresa, ora em outra. Conheço torcedores do Santos de Pelé e da democracia corintiana. Conheço são paulinos da época do Rai e do tri mundial. Conheço palmeirenses que veneram a Academia e torcedores do LEC que adoram recordar os momentos áureos do azul celeste do Norte do Paraná. Eu mesma sou uma palmeirense da era Parmalat, do matador e do animal. Do Zinho que foi campeão mundial em 1994 e do César Sampaio que hoje dirige o elenco do alviverde. Sou aquela que se apaixonou pela camisa listrada de verde e branco ao ver Evair e companhia desbancar o porquinho Viola, em 1993, depois de 17 anos sem vencer um Paulistão. E que enfrentou as mandingas dos baianos do Vitória para ser campeão brasileiro no mesmo ano. Fomos bicampeões, mas, de repente, acabou o leite. Dai veio Felipão e a Libertadores. Ah, como liberta levantar essa taça, ainda que tenhamos chorado aquele gol do Keane naquela manhã de 30 de novembro de 1999, contra o Manchester. Também sou a torcedora que precisou calar na final do paulistão em pleno Morumbi lotado de corintianos campeões. E que precisou engolir aquele mesmo porquinho Viola no Verdão anos depois. E outros tantos jogadores "inimigos" que honraram a camisa verde como o são paulino Müller e o gremista Paulo Nunes. Também tive que ver meus ídolos fazerem graça em outras equipes com o coração apertado. Faz parte do show. Torcer é isso: acreditar até o último segundo e celebrar, gritar o hino, xingar o juiz ladrão, pular feito louco na hora do gol e abraçar o primeiro companheiro que aparecer na frente, seja para gritar campeão ou aplacar o choro sentido. Torcer é esperar chorando aquela ligação do primo depois que o Parmera perde e aguentar o sarro. É pedir para o pai levar no estádio num dia frio de inverno e aguentar uma derrota com dignidade de quem gritou o que podia para incentivar o time do coração. Torcer é juntar a parentaiada no carro e viajar 600 km só para fazer o sonho da prima adolescente se tornar realidade. E vê-la gritando e chorando ao poder pular com a Mancha em seu primeiro jogo do Verdão ao vivo. Faltou o Palestra, mas sobrou coração naquela tarde. Nem a chuva nos desanimou. Torcer é amar e amar é fácil. Não há explicação e também não precisa. Torcer é ser. E pronto. E eu sou palmeirense com muito orgulho e com muito amor, sempre que o alviverde surge imponente no gramado em que a luta o aguarda. Tamo na final!
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