bate coração

Por um tempo, o cérebro esqueceu do coração batendo dentro do peito. O coração tinha batido tanto e pelas pessoas erradas, que decidiu adormecer. Ele levou uns bons baques de uma só vez. Perdeu avô, a professora e a fuinha, perdeu um jovem especial, perdeu a vizinha. Ele demorou para se recuperar. Até que decidiu transformar dor em esperança. E, principalmente, em aprendizado. Diariamente ele perde a mãe, o pai, a irmã, a avó. Perde amigos verdadeiros. E diariamente os transforma em seres humanos imperfeitos mas autênticos. E os recupera e os carrega dentro das veias e artérias, cada dia mais fortes para aguentar a pressão. No meio de tudo, ele palpitou diferente quando um outro coração notou sua solidão. Notou sua fragilidade e sua capacidade. Notou sua beleza, sua inteligência, sua mania de usar piada para afastar o medo do desconhecido. Fugaz. Foi um bater mais rápido que o outro, até que o coração acalmou e entendeu que está pronto para continuar batendo. Pela pessoa certa. Pelo mesmo bater compassado do outro. Pelo simples fato de querer bater e não precisar bater. Porque ele bate sozinho e esse tipo de solidão é saudável. Dá segurança de que não vai parar a qualquer momento, que está preparado para aguentar os entupimentos diários sem ajuda de medicação. E que quando precisar bater por outro coração, o fará pelo bom e velho amor. Sem medos. E sem a racionalidade do cérebro.



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