texas forever

Foi assim: eu estava feliz rumo à obesidade mórbida, acumulando 15 kg acima do meu peso normal. Me acostumando a ficar sozinha depois de quatro anos dividindo o apê com a prima. Comendo porcaria para compensar o fato de trabalhar até as nove da noite todo dia. Enfim, tudo caminhava para roupas novas e de um tamanho maior. Mas acontece que eu tenho uma melhor amiga que vivia me dizendo que eu precisava fazer alguma coisa por mim. Dizendo que eu devia melhorar minha alimentação e fazer exercícios. E eu estava com o saco bem cheio de ouvi-la dizer isso todo santo dia que me via. Eu tenho espelho em casa, aliás tenho cinco espelhos em casa, então sei exatamente como estou. E como as roupas 42 de repente ficaram apertadinhas. Mas também sei que se a vontade de mudar não partir de mim, nunca chegarei a lugar nenhum. Pois bem, depois de muita insistência da melhor amiga, que inteligentemente criou um grupo de apoio para que eu não me sentisse assim tão sozinha na batalha, resolvi participar do tal Medida Certa das meninas. Minha ideia era tomar a "competição" como impulso para a mudança, já que não sou muito competitiva e sabia que nunca iria perder peso suficiente para ganhar os R$ 60 em apenas um mês. Depois da pesagem (71kg redondos), não fiz nada na primeira semana. Minha mãe estava em casa, então resolvi que iria aproveitar para fazer coisas gostosas com ela, e comer é algo que nós duas gostamos muito. Mas como ela cozinhou nesses dias, a alimentação era bem mais saudável. Antes de ir embora, ela deixou vários potinhos de caldinhos no freezer para eu comer quando voltasse do trabalho nas semanas seguintes. E foi o que eu fiz. Assim que a segunda semana começou, também comecei a descer na academia do prédio, na companhia de um livro, para ver se eu me animava. Também passei a tomar café, almoçar, levar um lanche da tarde para o jornal e jantar meus caldinhos. Nesta semana perdi um quilo e pouco. E me empolguei. Continuei com a dietinha e os exercícios moderadamente, mas me deparei com um show na sexta-feira e a vontade de uma cerveja. Foi uma só e foi bom para eu não sentir medo de ser feliz de vez em quando, sem culpa. Recomecei a terceira semana no mesmo pique. E no sábado, uma formatura. Dai desencanei de vez e comi todo o queijo que podia e todo o doce de leite e hambúrguer de fim de festa. A quarta semana foi mais difícil pois sempre que me pesava estava lá com os mesmos 69 kg e pouco. Até o final da competição, que durou cerca de um mês, não perdi mais nada. Não faltei na academia, mas minha alimentação voltou a ficar comprometida. Não que eu tivesse voltado a comer porcarias à noite, mas é que abandonei o café da manhã e os alimentos escolhidos para as demais refeições não eram tão saudáveis assim. Fiquei meio down e me fechei em casa. Fui para o Texas para aplacar a solidão e a vontade de comer besteiras e passei algumas noites no sofá sentindo pena de mim mesma. O dia da pesagem final chegou e fiquei em 1 kg e 400 g a menos em cerca de um mês. Não fui a que mais perdeu peso mas, segundo o grupo, fui a que mais se esforçou para tal, então ganhei os tais R$ 60. Como tenho mania de perfeição, não queria aceitar o resultado. Mas no final resolvi entender o ponto de vista das meninas como uma vitória e me inspirar a continuar e perder pelo menos mais um quilo neste próximo mês. Usei o dinheiro para me dar um presente bem infantil mas que me fez bem feliz. Afinal, sempre carregarei comigo um que de criança. É o que me faz ser leve e divertida em meio a uma rotina repetitiva e exaustiva de jornalista no interior do Paraná. Minha comemoração incluiu um hambúrguer e batatas fritas que não saiam do meu pensamento. Comi tranquila, já que a moça da poltrona marrom disse que eu merecia a tal recompensa. E aquela vontade de junkie food passou na hora e agora posso continuar nos iogurtes, frutas, lanches integrais etc.  A "fuga" para o Texas não se mostrou bem como uma fuga, mas como um lazer. Nesta quinta semana, resolvi escutar música enquanto estou na academia, já que terminei o livro. E não é que na seleção escondida no iPod havia uns countries guardados, lá da época dos meus 16 anos. Pensei: se não posso vencê-los, vou me juntar a eles. E aumentei a carga da bicicleta. Mesmo tendo a tv como companheira há muito tempo e mesmo viajando no mundo dos personagens, eu sempre consigo completar minhas tarefas básicas, como me ensina a moça da poltrona marrom. "Você está indo bem", ela resume. É, acho que estou indo bem. E um quilo mais saudável. Ha.  




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