crescer dói
Ser adulta é um saco. E ninguém me avisou que doía tanto. Outro dia, sem querer, me acabei em lágrimas por uma bobagem. Parecia que tinha levado uma bronca daquelas da minha mãe, como se ainda fosse criança e tivesse aprontado alguma. Mas não foi nada disso. Só doeu como se fosse. Mas assim como chegaram, as lágrimas se foram. Precisava encarar as responsabilidades diárias e fazer isso chorando por uma bobagem me pareceu bem infantil. E não posso agir como criança quando der na telha. Preciso ponderar. Escolher os momentos. Ô dificuldade. Nesse mesmo dia do vale de lágrimas, uma amiga querida me disse que sou muito boa ouvinte. Que sou uma pessoa confiável, com quem as pessoas não têm medo de dividir os problemas. Me senti orgulhosa. Mas lembrei de todos os momentos em que deixei alguém colocar a cabeça no meu ombro e o que veio depois dessa simples ação. Algumas vezes me fez sentir importante e como se realmente tivesse feito a diferença para o amigo. Outras vezes, de nada servi. Ou melhor, só servi para isso mesmo: ouvir. Crescendo, aprendi que nem sempre aquela pessoa especial, que você pensava que faria parte da sua vida para sempre, com quem dividiria os melhores e piores momentos, ficará do seu lado. Muitas pessoas passam. A maior parte dos amigos que fazemos nesta caminhada está só de passagem. Se não para nos ensinar algo, para que nós sejamos os professores. Sinto saudades doloridas de muitas. Aprendi a esquecer tantas outras. E para os que ainda caminham comigo, tento ser a melhor pessoa que posso. Ainda que seja humana e, portanto, cheia de defeitos. Há algum tempo (não tanto tempo assim), queria que todos os meus amigos fossem amigos entre si. Formaríamos um grupo imbatível. Nada de solidão, de carência. Haveria sempre uma risada, uma mão estendida. Aprendi a duras penas que isso não funciona. Cada um tem a sua missão e precisa segui-la da maneira que acha melhor. E cada caminho é único. Quase sempre há entroncamentos e é ai que podemos praticar a intercessão: colocar-se no lugar de outro e pleitear sua causa, como se fosse uma causa própria. Nesses entroncamentos, rimos, choramos, cantamos, dançamos, comemos, bebemos, celebramos a vida, juntos. Também nesses momentos recobramos as forças para seguir nosso caminho e praticar nossa missão. Se nos batemos no entroncamento, seguimos machucados até a próxima intercessão. E aproveitamos o caminho para pensar no que deu errado. Se merecermos, tudo se resolverá no próximo encontro. Mas se nossa missão é caminhar em direções opostas, devemos agradecer pela oportunidade concedida e seguir. De cabeça erguida, com a sensação de que fomos o melhor que poderíamos ser e que novos desafios nos esperam lá na frente. Engolimos o medo, vestimos o sorriso, abrimos os braços e deixamos a vida nos levar, mais uma vez.
...querida Mari, as palavras são lindas pois ha sinceridade nela. é como se eu ouvisse você dizendo palavras por palavras.... apesar dos apesares, nessa vida aprendermos a por um pouco de nos mesmo para fora alivia grandemente o peso das lagrimas.
ResponderExcluirO blog está show! passarei mais vezes por aqui. abração. Tim
"Há algum tempo (não tanto tempo assim), queria que todos os meus amigos fossem amigos entre si. Formaríamos um grupo imbatível."
ResponderExcluirIsso é tão Mariana! Mais Mariana do que se acabar em lágrimas por bobagem ;-)