essa tal ansiedade
Olá meu nome é Mariana e sou ansiosa. Sempre fui ansiosa e sempre serei ansiosa, não importa se fiz terapia, se bebi uma cerveja com os amigos para esquecer, se fugi para a casa da prima para brincar com a pequena. A ansiedade está sempre lá. Tenho certeza que ela nunca vai me deixar. O porque eu não sei, apenas tenho essa certeza. Então tenho que aprender a conviver com esse sentimento se não quiser enlouquecer. Tentar ter paciência. Ficar mais calma. Quase sempre consigo, mas tem dias que quero mesmo é correr da vida. Me esconder debaixo do cobertor. Fechar os olhos, virar para o lado e voltar para os sonhos. Mas não dá. E mesmo eu não"tendo família", ainda preciso pagar as contas. Gosto de consumir. E para poder ter acesso à tevê a cabo, à geladeira cheia, ao carro com tanque cheio, aos passeios com os amigos, às viagens para encontrar a família, às roupas novas, à internet, ao celular, preciso de dinheiro. E preciso de calma para encarar a jornada. Aquela empresa não me pertence, aquelas decisões não são minhas, aquele tratamento indiferente não é o meu, então devo seguir fazendo que sei fazer melhor: exercer a minha profissão da melhor maneira possível e sair de lá com a cabeça erguida e o sentimento de dever cumprido. Então por que às vezes é tão difícil? Porque me arrumo, atravesso o bosque e ao passar o bendito cartão na catraca tudo o que quero é voltar para trás. Por que preciso de pelo menos uma hora para olhar o colega do lado e sorrir? Por que amarro a cara nos primeiros minutos e pareço sempre mal humorada? Por que não, simplesmente, encarar como um simples trabalho que tenho que fazer para receber o pagamento no fim do mês e seguir a vida? Por que dar tanta importância ou me definir pelo que eu faço? Não da mais para tentar ser humana, ainda que seja quase impossível deixar de ser. Não da mais para tentar melhorar as coisas para os colegas, tentar driblar os problemas por lá, e quando chegar em casa se derramar em lágrimas. Essa solitude talvez me deixe triste. Mas tenho sim com quem dividir essas tristezas então talvez seja apenas o fato de ter de dar aos problemas a exata importância que eles têm. Nem mais nem menos. Ter calma, paciência. Deixar esses pensamentos malucos um pouco de lado e se concentrar em outras coisas. Buscar novidades para preencher esse vazio que insiste em buscar sempre a ansiedade. Sei lá. Só sei que, sim, sou humana e como humana, sofro. Quase sempre sem motivo, claro. Mas sofro. Por mim, pelo outro. Talvez devesse me transformar numa geladeira, mas sofreria igual. Não tenho estômago para encarar notícias ruins de forma blasé, ainda que não digam respeito a mim. É essa tal ansiedade que faz parte dos meus genes. Pensei que tinha aprendido a controlá-la, mas ela vem como um tsunami e me leva para as mais profundas águas. Não tem como resistir. Ainda bem que depois de toda tempestade vem a calmaria. Só espero estar chegando perto da praia...
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