tentando acordar

Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, acorda. Foi isso que o horóscopo on-line me disse hoje, dia em que acordei às 3h30 da manhã com insônia e decidi ver filmes na tevê para tentar pegar no sono. Não tenho me sentido bem ultimamente. Criei uma cobrança interna que precisa se dissolver antes que eu mesma me dissolva em lágrimas. Pode ser plutão, pode ser TPM, pode ser o fim de ano ou o inferno astral. Ou simplesmente o fato de ter tomado uma decisão difícil e não saber como compreendê-la. Decisões corporativas são complicadas, nem sempre dependem da gente e é preciso saber separar o joio do trigo para não levar problemas para casa. Quero me perdoar por mais essa decisão, que, sim, teve uma parcela minha, mas não inteiramente. Foram três cabeças pensando no que seria melhor para todos, a longo prazo. Basta aceitar e seguir em frente. Preciso aceitar. Enquanto isso, o apartamento ganha uma cor nova, de esperança por melhores momentos no ano novo que se aproxima. Ganha um quadro da banda favorita, presente das amigas viajantes que acertaram em cheio. Ganha bancos vermelhos que esquentarão a decoração meio sem graça. A cama ficou mais alta, com um baú de recordações. Agendas antigas que guardam as palavras de uma adolescente confusa e tímida que só queria ter coragem de explorar o mundo. Essa adolescente que cresceu a duras penas, errando muito até acertar de vez em quando. E que continua crescendo por meio dos desafios. As alegrias vêm para aplacar a dificuldade da vida adulta e estão num abraço escondido da pequena com cachinhos no cabelo e bochechas fofas. No planejamento de um aniversário que vai reunir de novo os queridos em torno do bolo no quintal da tia de voz mansa e coração maior que o mundo. A felicidade está em encarar aquela editoria que tanto gosta pela segunda vez no ano nas férias do colega. Estará em dirigir para a praia rumo aos fogos de artifício e às sete ondinhas do Ano Novo, onde estará a avó que hoje completa 81 anos com a coluna doendo de tanto ficar em pé preparando a carne louca para a festa de logo mais à noite. Estará em conhecer o mais novo italianinho da família no Natal que terá três bebês lindos competindo pelos colos das tias e primas. Se eu tiver mais lágrimas, preciso chorá-las. Não por um motivo que num momento parece o fim do mundo e no momento seguinte parece ridículo. Mas porque a emoção precisa ser colocada para fora para não sufocar. Precisa se transformar em paciência e no entendimento de que não temos o controle de tudo e por isso erramos às vezes, querendo mesmo é acertar. 

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