quase uma viking
Nunca pensei que um dia conheceria as terras geladas da Islândia. Mas tai mais uma história bacana para contar aos meus filhos, quando eles chegarem ao mundo. E dai que os islandeses são bem parecidos com seus antepassados vikings. Os homens são altos, loiros, barbudos e em forma. Lindos. As mulheres também são lindas e além da simpatia, a maçã do roso ressaltada me chamou a atenção, talvez porque remetiam um certo ar europeu que eu mesma carrego. Não conversei com os nativos pois na única manhã de folga na viagem não tinha ninguém na rua da capital. Tudo bem, era domingo. E inverno. E apenas 8h30 da manhã (lá o sol nasce às 10). Mas imagino que sejam pessoas divertidas. Eles gostam de beber. Encontrei garrafas e copos de cerveja escondidos próximos a diversos pubs da capital Reykjavík que indicavam a curtição da noite passada. E os colegas que viajaram comigo - e se aventuraram nos pubs - contaram que sim, eles adoram uma cerveja. Elas também. Ah, preciso explicar o que fui fazer na Islândia, afinal. Fui testar o novo Discovery Sport, um SUV da Jaguar Land Rover, a trabalho. Aliás, esses ingleses e suas viagens fantásticas. Estão me acostumando mal. Em Reykjavík, passeei com o colega jornalista gaúcho radicalizado em Floripa pelas ruas principais do centro da capital. E o que encontramos foi uma profusão de imagens inesquecivelmente lindas, desde a avenida principal ainda decorada com luzes natalinas (e a caixa de correio do Papai Noel) , até o amanhecer em frente ao mar, com a praia coberta de neve. Um teatro cuja faxada emitia luzes coloridas que imitavam a aurora boreal captou nossa atenção e resolvemos nos esquentar do frio conhecendo suas instalações. Foi lá que vi, através das paredes de vidro do teatro, um navio cruzar o barco da guarda costeira rumo a mais uma viagem às lonjuras do oceano Atlântico. Arquitetura e design devem ser um forte dos islandeses pois tudo na ilha é construído com ricos detalhes. É muito capricho. Mas, pensando bem, eles só são pouco mais de 320 mil habitantes em 103 mil quilômetros quadrados. Deve ser mais fácil caprichar.
E eles são bastante conscientes quando o assunto é preservação ambiental. Em toda parte há latões para a separação do lixo reciclado, inclusive dentro dos quartos dos hotéis. Me surpreendeu. Também fiquei apaixonada pelos cavalos que eles criam nas comunidades do interior do país. Eles são menores, mas não são pôneis, e têm pelos compridos e lindos. E estavam sempre juntos nos pastos para se esquentar no frio. As propriedades rurais também tinham estocados grandes rolos de feno, que eram cobertos com plásticos para proteger da neve. E pás carregadeiras transportavam o feno pelas estradinhas islandesas. Não consegui entender o que eles cultivam por lá e também não tive a oportunidade de perguntar, mas muitas famílias no interior são agricultoras, o que também me surpreendeu.
Outro detalhe que me chamou a atenção em Reykjavík foi o tal museu do pênis. Isso mesmo. Andando pela avenida principal eu e o colega jornalista avistamos uma lojinha de conveniência cheia de badulaques com o formato fálico. Antes de voltar ao hotel decidimos entrar no local e foi quando descobrimos que se tratava de um museu. Não visitamos porque não quisemos gastar com a entrada, mas espiamos os badulaques. Ri por dentro. Depois fui pesquisar e descobri que em 1974, o islandês Sigurður Hjartarson ganhou um pênis de boi. Na época, o professor de história tinha 33 anos e recebeu o órgão de presente de um amigo que queria fazer uma brincadeira, pois sabia que Hjartarson havia tido um exemplar inusitado como esse quando era criança. Depois disso, a história se espalhou e o professor começou a ganhar mais órgãos genitais de diferentes animais trazidos por seus colegas. Depois de décadas colecionando e catalogando os órgãos, o professor reuniu 283 membros de 93 espécies diferentes de mamíferos e reuniu todo esse material no Museu Falológico da Islândia. No mínimo, interessante, para não dizer totalmente doido.
Além das paisagens típicas de inverno (chegou a fazer -7 graus Celsius num dia), me encantei com a culinária. Nossa, como comi bem nos três dias em que estive por lá. De sopa de lagosta e carne de cordeiro no jantar da primeira noite, a um café da manhã com direito a salmão defumado e um almoço com peixes defumados e molhos a base de mostarda no segundo dia (tenho certeza que o Bilbo Bolseiro estava sentado na mesa ao lado), que terminou com um jantar sensacional cujo prato principal era carne de rena. No dia seguinte, um almoço típico num hotelzinho rural familiar, com direito a pão com manteiga salpicada de sal de lava e um dos melhores bolos de chocolate da minha vida. Neste dia, depois de dirigir o dia todo e enfrentar diferentes terrenos - neve, água, gelo e asfalto - e mudanças climáticas (o dia começou e terminou com chuva, mas teve momentos em que os raios de sol insistiam em brilhar nas águas de um gélido lago), fiquei enjoada de tanto comer e pulei a sobremesa depois do filé mignon grelhado com legumes e fui direto para a cama. Ah, ainda sinto o sabor daquela sopa de lagosta...
Quando soube da viagem, achei que fosse piada, mas depois de passar três dias em solo islandês, voltei para casa com a certeza de que todo mundo deveria ter a chance de conhecer uma nova cultura nesta vida. Abandonar certos medos e simplesmente vivenciar as oportunidades. Como percorrer uma montanha no escuro, acompanhando o duto que leva água quente à capital e chegar num hotel no meio do gelo, onde eu poderia presenciar a dança das luzes da aurora boreal. Não, o tempo chuvoso nos impediu de ver as tais Northern Lights. Mas dormi com a cortina aberta para o caso delas darem o ar da graça no meio da madrugada. Nem todo pensamento positivo - e a cerveja local Lava (com gosto defumado) - deram conta de limpar o céu naquela noite de domingo.
Se eu lembrar que não passei no teste de direção de primeira e que precisei de uns 15 anos de experiência para realizar uma baliza perfeita, nunca teria aceitado o convite de dirigir em meio à neve, subindo montanhas e cruzando lagos quase congelados. Mas ainda bem que sou cara de pau para aproveitar toda oportunidade que a vida me dá. E que delícia estar de novo dentro de um Land Rover, ao som de Beatles e e Pearl Jam. E guiá-lo por paisagens que parecem saídas de histórias como O Senhor dos Anéis ou Game os Thrones me fez acreditar em elfos, assim como metade dos islandeses. Mais uma conquista.
Ainda estou deslumbrada com essas últimas férias, que teve muito carinho da família, muitos passeios, comilanças e pouco sofá (ainda bem). A Islândia foi apenas um bônus num mês que foi planejado com muito carinho para dar forças para enfrentar este ano novo que começa. Teve caiaque, bóia, mergulho no rio, banho de cachoeira, cochilos na rede da irmã, reclamação do tio ranzinza na visita ao Pantanal. Teve coquetéis com a prima e a mãe, exposições, um dia perfeito com a amiga londrinense na terra da garoa. Faltou garoa e sobrou calor. Teve uma brisa invernal aos pés da Torre Eiffel na companhia do mais novo amigo que dividiu comigo uma sopa de cebola, um croque monsieur e uma éclair na charmosa cidade luz. E teve dezenas de picadas de pernilongo. Mas com tanta coisa boa, quem se importa em coçar e coçar.
E eles são bastante conscientes quando o assunto é preservação ambiental. Em toda parte há latões para a separação do lixo reciclado, inclusive dentro dos quartos dos hotéis. Me surpreendeu. Também fiquei apaixonada pelos cavalos que eles criam nas comunidades do interior do país. Eles são menores, mas não são pôneis, e têm pelos compridos e lindos. E estavam sempre juntos nos pastos para se esquentar no frio. As propriedades rurais também tinham estocados grandes rolos de feno, que eram cobertos com plásticos para proteger da neve. E pás carregadeiras transportavam o feno pelas estradinhas islandesas. Não consegui entender o que eles cultivam por lá e também não tive a oportunidade de perguntar, mas muitas famílias no interior são agricultoras, o que também me surpreendeu.
Outro detalhe que me chamou a atenção em Reykjavík foi o tal museu do pênis. Isso mesmo. Andando pela avenida principal eu e o colega jornalista avistamos uma lojinha de conveniência cheia de badulaques com o formato fálico. Antes de voltar ao hotel decidimos entrar no local e foi quando descobrimos que se tratava de um museu. Não visitamos porque não quisemos gastar com a entrada, mas espiamos os badulaques. Ri por dentro. Depois fui pesquisar e descobri que em 1974, o islandês Sigurður Hjartarson ganhou um pênis de boi. Na época, o professor de história tinha 33 anos e recebeu o órgão de presente de um amigo que queria fazer uma brincadeira, pois sabia que Hjartarson havia tido um exemplar inusitado como esse quando era criança. Depois disso, a história se espalhou e o professor começou a ganhar mais órgãos genitais de diferentes animais trazidos por seus colegas. Depois de décadas colecionando e catalogando os órgãos, o professor reuniu 283 membros de 93 espécies diferentes de mamíferos e reuniu todo esse material no Museu Falológico da Islândia. No mínimo, interessante, para não dizer totalmente doido.
Além das paisagens típicas de inverno (chegou a fazer -7 graus Celsius num dia), me encantei com a culinária. Nossa, como comi bem nos três dias em que estive por lá. De sopa de lagosta e carne de cordeiro no jantar da primeira noite, a um café da manhã com direito a salmão defumado e um almoço com peixes defumados e molhos a base de mostarda no segundo dia (tenho certeza que o Bilbo Bolseiro estava sentado na mesa ao lado), que terminou com um jantar sensacional cujo prato principal era carne de rena. No dia seguinte, um almoço típico num hotelzinho rural familiar, com direito a pão com manteiga salpicada de sal de lava e um dos melhores bolos de chocolate da minha vida. Neste dia, depois de dirigir o dia todo e enfrentar diferentes terrenos - neve, água, gelo e asfalto - e mudanças climáticas (o dia começou e terminou com chuva, mas teve momentos em que os raios de sol insistiam em brilhar nas águas de um gélido lago), fiquei enjoada de tanto comer e pulei a sobremesa depois do filé mignon grelhado com legumes e fui direto para a cama. Ah, ainda sinto o sabor daquela sopa de lagosta...
Quando soube da viagem, achei que fosse piada, mas depois de passar três dias em solo islandês, voltei para casa com a certeza de que todo mundo deveria ter a chance de conhecer uma nova cultura nesta vida. Abandonar certos medos e simplesmente vivenciar as oportunidades. Como percorrer uma montanha no escuro, acompanhando o duto que leva água quente à capital e chegar num hotel no meio do gelo, onde eu poderia presenciar a dança das luzes da aurora boreal. Não, o tempo chuvoso nos impediu de ver as tais Northern Lights. Mas dormi com a cortina aberta para o caso delas darem o ar da graça no meio da madrugada. Nem todo pensamento positivo - e a cerveja local Lava (com gosto defumado) - deram conta de limpar o céu naquela noite de domingo.
Se eu lembrar que não passei no teste de direção de primeira e que precisei de uns 15 anos de experiência para realizar uma baliza perfeita, nunca teria aceitado o convite de dirigir em meio à neve, subindo montanhas e cruzando lagos quase congelados. Mas ainda bem que sou cara de pau para aproveitar toda oportunidade que a vida me dá. E que delícia estar de novo dentro de um Land Rover, ao som de Beatles e e Pearl Jam. E guiá-lo por paisagens que parecem saídas de histórias como O Senhor dos Anéis ou Game os Thrones me fez acreditar em elfos, assim como metade dos islandeses. Mais uma conquista.
Ainda estou deslumbrada com essas últimas férias, que teve muito carinho da família, muitos passeios, comilanças e pouco sofá (ainda bem). A Islândia foi apenas um bônus num mês que foi planejado com muito carinho para dar forças para enfrentar este ano novo que começa. Teve caiaque, bóia, mergulho no rio, banho de cachoeira, cochilos na rede da irmã, reclamação do tio ranzinza na visita ao Pantanal. Teve coquetéis com a prima e a mãe, exposições, um dia perfeito com a amiga londrinense na terra da garoa. Faltou garoa e sobrou calor. Teve uma brisa invernal aos pés da Torre Eiffel na companhia do mais novo amigo que dividiu comigo uma sopa de cebola, um croque monsieur e uma éclair na charmosa cidade luz. E teve dezenas de picadas de pernilongo. Mas com tanta coisa boa, quem se importa em coçar e coçar.
Comentários
Postar um comentário