meg colt

A moça que escreve sobre ansiedade fez um desabafo que me tocou profundamente outro dia. Como ela, sempre enfrentei a tal ansiedade sem saber ao certo o que era. Só sei que me dava dor de barriga sempre que eu precisava enfrentar algo que me causava um certo medo. Algo inusitado ou inédito. E para superar, criei um toc com as mãos que me acalmava. Coçava o dedo indicador no dedão rapidamente e sempre escondido para aliviar a tensão.  A irmã descobriu e tirou sarro. Contou para todo mundo e todo mundo passou a prestar atenção no toc quando eu ficava nervosa. E imitavam o gesto. Fazer o quê? Faz parte da vida. Cada um tem seu toc particular,  mas é mais fácil tirar sarro do toc alheio do que tentar entender. Ou respeitar. Tudo bem, não tem problema. Com o passar do tempo, descobri que escrever me ajudaria mais a processar a ansiedade. Criei este blog chamado "ansiedade antecipatória" para guardar sensações e acontecimentos. Tem gente que lê e entende, tem gente que já acha o nome engraçado e nem se dá ao trabalho de saber do que se trata. Já imagina que lá vem reclamação e por que alguém se exporia tanto na internet. Também não tenho essa resposta. Escrever, para mim, é processar. Pode significar o mesmo que passar horas jogando candy crush no celular ou paciência no notebook. Ou ver vídeos do Porta dos Fundos. Sei lá, cada um tem sua válvula de escape. Para os menos ansiosos, tudo parece óbvio e fácil de encarar. Chama-se ser adulto. Para nós, que antecipamos até mesmo a ansiedade, tudo é motivo de nervosismo. Aquele que martela na cabeça e vai descendo pelo corpo, vai suando e trazendo aquele toc, que a gente pratica escondido. A gente até tenta controlar,  mas quando vê, já era. E no final, quando tudo dá certo,  apesar do medo de errar, o corpo fica doído de tanta tensão  e você pensa:  não valeu a pena sofrer. Mas na próxima você faz tudo igual, de novo. Eu, como a escritora, luto diariamente para ser melhor. Não para o mundo. Mas para mim mesma. E esse é o maior desafio. Aceitar minhas falhas como aceito no outro. Rir dos desencontros. Espantar o toc quando ele vem. É sempre um passo de cada vez e tantos retrocessos, que dá vontade de desistir. Mas daí você conquista algo nunca antes conquistado e percebe que tudo é possível se tiver paciência e fé.  Duas coisas quase impossíveis para os ansiosos. Quer saber? Respeito e empatia ajudam muito. Adoraria que fosse sempre assim, mas como sei que não será,  vou tentando simpatizar comigo mesma e me manter longe do alcance da mente insana. E sempre tenho o toc - e as palavras do blog - para me reconfortar.

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