Alanis

Assistindo ao show da Alanis eu me percebi chorando em muitas músicas. Eram letras que diziam coisas importantes, principalmente sobre como a vida pode ser irônica, citando um dos maiores sucessos da cantora.

Quando começa o show, eles exibem imagens da trajetória dela ao longo dos anos, construindo o storytelling tão comum no marketing, para despertar a emoção no público. E conseguiram.
Naquele momento eu fui fisgada, porque construí na minha cabeça o meu storytelling. As imagena dela ativaram minhas lembranças adolescentes, quase todas em casa e na escola.
De repente, o som da gaita. E eu me arrepiei inteira. Fui transportada para o meu quarto no Novo Mundo, onde costumava ouvir música no discman, antes de dormir. Não que eu fosse grande fã de Alanis. A Na é quem tinha o cd. Mas vez ou outra eu pegava emprestado para ouvir os gritos da canadense. E gostava de ver clipes na MTV e ela dominava a programação.
Na época, não tinha internet, então não me lembro como aprendia a cantar as letras dos meus artistas favoritos. Acho que era de tanto ouvir. Enfim, algumas da Alanis eu sei de cor e até imito o grito, que é quase um desabafo - ou um pedido de socorro para o universo.
Foi muito bacana dividir essa sensação de reconhecimento com as pessoas que lotaram o estádio. Todo mundo cantando os versos e gritando as interjeições e imitando a gaita, enquanto ela girava sem parar no palco, sem descanso.
Num momento, por conta do calor, eu não sabia se estava chorando ou suando pelos olhos, até que me deixei levar pela mensagem de Perfect e dai foram muitas lágrimas que eu tentava conter porque sou adulta, mas que insistiram em cair porque naquele momento eu era a Mariana de 18 anos.
E me lembrei dela e de como ela era e tudo o que ela fez nos últimos tempos para ser a mulher que ealstava ali, naquela noite, naquela cadeira, naquele estádio, ao lado daquelas pessoas, vendo aquela artista.
A turnê da Alanis celebra seu primeiro cd de sucesso, que trazia músicas de temática meio adolescente. Ela mesma admitiu que escrevia a partir dos seus diários. E era tudo o que o jovem sentia naquela época. Tinha muita busca por aceitar-se como se é apesar dos outros desejarem que a gente fosse outra coisa. As tais expectativas...
O tempo passou e eu acho que a maioria de nós conseguiu ser o que queria ser, aos trancos e barrancos e alegrias e conquistas, a partir das oportunidades que tivemos. Fiquei feliz em constatar isso no meio de um show de rock. E quando ela finalmente cantou Thank You eu entendi que era sobre gratidão e não sobre um simples obrigada, como eu sempre havia pensado que fosse.
Gratidão por poder tentar, errar e aprender, numa referência a You learn. E não é justamente isso que a gente vem fazendo desde sempre?
Então, por que se levar tão a sério e temer, se no final, a gente só veio aqui para aprender?
"A vida tem um jeito engraçado de te ajudar". Ontem, a vida me ajudou. Mais uma vez.

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