pulseiras

Buscar referências faz parte do dia a dia do produtor de conteúdo. Elas podem estar nas séries e filmes, na música, na leitura de jornais, nos telejornais, no rádio, nos podcasts, nas conversas aleatórias e, claro, nos livros.

Não me lembro ao certo quando foi que comprei "Tudo nela brilha e queima", de Ryane Leão. Meu primeiro livro de poesias escolhido. Só me lembro de ter achado lindo o nome da página da escritora no Instagram, @ondejazzmeucoraçao, e pensado: essa leitura vai fazer a diferença na minha vida.

Desde que comecei a segui-la na rede social, fiquei com mais vontade de ler poesia. E comecei a seguir outros poetas e comprar outros livros de poesia. E os textos não eram nada como os poemas de Fernando Pessoa com os quais eu estava acostumada, afinal, eu sempre fui muito mais da prosa que da poesia.

Mas o texto da Ryane era uma poesia mais crua, quase uma crônica da realidade, com palavras que conversavam comigo e, muitas vezes, traduziam os meus sentimentos. 

Então, depois de anos acompanhando a Ryane online, de ler seu livro e voltar para ele quando dá vontade de praticar o autoamor, decidi fazer uma de suas oficinas de escrita, no começo de 2024.

Foi uma tarde de conversas com outras escritoras perdidas pelo Brasil afora e conectadas por sua poesia. Ryane nos contou sobre seu processo criativo e compartilhou conosco suas infindáveis referências. Sendo uma mulher preta nascida no Mato Grosso, o universo dela é muito diverso do meu, mas ainda assim me vejo em muitas das suas narrativas.

Qual não foi minha alegria quando ela visitou Londrina como convidada da Semana Literária do Sesc. Convoquei minhas "cascas de bala" Carol e Karla e lá fomos ouvir a Ryane ao vivo, enquanto provávamos tiramisu com café espresso quentinho para aplacar o frio do último sábado de inverno em terras vermelhas.

Vê-la e ouvi-la ao vivo, declamando um slam sobre suicídio, depois dela descobrir que muitas das mulheres que estavam na plateia haviam sido curadas pela sua escrita, me fez ter vontade de assumir que sou escritora, afinal. Aliás, essa é a primeira lição que a Ryane dá em suas oficinas e rodas de leitura: se você escreveu um único texto em toda a sua vida, você deve se autodeclarar escritora. Simples assim.

Dando uma volta pela feira de livros que acontecia paralelamente à Feira Literária do Sesc, decidi comprar um "livro misterioso", publicado por uma editora independente de Londrina. Escolhi o pacote número 01 e recebi "A invenção", de Graziela Camargo.

Só fui ler o livro dois dias depois, numa segunda-feira de mercúrio retrógrado e lua crescente em sagitário. São 24 páginas de poemas que contam a história de uma mulher que precisou lutar por sua sobrevivência emocional. Durante a leitura, construí as imagens dessa luta junto com a escritora e senti o início da sua cura nos versos finais: 

"Permito que esse mesmo corpo

ferido

resgate o amor

por aquela criança soldada

que, dançando, sorri."

Claro que fui pesquisar sobre a autora e me deparei com uma biografia inesperada de uma psicóloga que atua no "espaço para te ajudar a cuidar da sua saúde mental" @cuidaflordemim (mais um nome fofo para uma rede social que me atraiu de cara).

Além de psicóloga e escritora, Graziela é bailarina e produz podcasts. Tá aí mais uma inspiração para essa escritora aqui, que dança flamenco há nove anos e recentemente precisou gravar entrevistas para um podcast ao invés de apenas produzir o texto do roteiro.

Enfim, essa crônica ficou longa e, como quase tudo o que escrevo, parece um desabafo sobre minha rotina como jornalista-produtoradeconteúdo-empreendedora da Infinita Escrita Afetiva. Mas, como não contar o que me faz querer unir cada vez mais minha criatividade com o que vejo pelo meu caminho para emocionar com a minha escrita afetiva, não é mesmo?

Só pra deixar registrado como a inspiração está em qualquer lugar e pode aflorar a qualquer momento, segue o "poeminha" que escrevi para as minhas "cascas de bala" assim que deixei a roda de conversa com a Ryane Leão:

Pulse iras

Me conte sobre você. E sempre vou querer saber sobre você. Mesmo nos meus dias mais confusos e tristes, me procure. Me fale bobagens ou angústias. Mesmo nos seus dias melancólicos ou quando não entender nada, não se cale. Fale sobre o que cozinhou no almoço ou sobre o último drama coreano que você viu. Fale de livros, true crime, viagens, moda, filhas, sobrinho, primas, família. Só conte. Na mensagem, no recado. E lembre-se sempre: o silêncio afasta, mas a presença ama.










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